Wednesday, July 08, 2015

E que a Grécia subverta o capital sugador de vidas

"OXI", o que foi isso!

Liliana Peixinho *

Lembrar de nomes como Sócrates, Platão, Aristóteles, é mergulhar profundo nas origens do conceito de Política, Direito, Democracia. O "OXI" grego, com mais de 61% dos votos, é uma resposta direta, de um povo que trata a Pólis como nenhum outro povo do mundo já concebeu como administração pública. É tiro certeiro contra um Sistema sugador de vidas. É recado corajoso e que precisa ecoar ao mundo, contra um capital secador de riquezas naturais que sustentam a vida, em todos os ambientes.

Torço para que o mundo incorpore o "OXI" grego como um não a esse modelo econômico replicado, no automático, como incentivo ao consumo raso, à qualquer custo. Um modelo que, no Brasil, por exemplo, diante da ausência dos bens de serviços prioritários e importante como: Educação e Trabalho, resultam em fome, desemprego, doenças, insegurança, mortes prematuras. Que o "OXI" grego possa subverter a visão antropocêntrica da vida, para um olhar integral, sistêmico, onde todas as coisas formam o todo, interligado com suas origens. E que a mídia, porta-voz de sonhos e pesadelos, volte ao seu papel transformador social e ajude na atual crise civilizatória! Eu torço e trabalho à favor desse sonho!

Em recente entrevista para a Agência de Ciência e Cultura da UFBa http://www.cienciaecultura.ufba.br/…/entr…/liliana-peixinho/ e replicada Brasil afora, como na Envolverde, por exemplo, falo sobre o papel da mídia em olhar transversal sobre os macrocontextos: "Quando se tem a oportunidade de ver tantos lados de uma mesma história, como vemos no jornalismo em campo aberto, aprendemos a fazer filtros. As concepções entre defesa, ataque ou neutralidade, são relativizadas. Fiz escolhas! E o preço é alto em radicalizar na opção de defender a quem tem sido alijado da garantia de direitos. Tem um pensador moderno, economista, filósofo, francês, o Sergio Latouche, que prega o “decrescimento” como salvação do rumo suicida que humanidade se submete.

Como Latouche, acredito no fracasso dessa Economia, nos efeitos negativos da guerra do Capitalismo, e na barbárie da violência da globalização. Latouche é radical e acha impossível conciliar crescimento econômico e sustentabilidade. Depois de me desencantar com a candidatura da Marina Silva à presidência do Brasil, onde trabalhei como voluntária nas duas campanhas, 2010 e 2014, aprofundo a prática de valores que acredito como Teko Porã (O bem comum), Ubuntu (Sou porque somos) e Ecossocialismo (como crítica radical ao capitalismo). Pago o que não tenho para atuar. Isso ainda é um problema."

Quem vai pagar as contas gregas? As novas organizações políticas de esquerda na Europa com certeza devem estar pensado, a longo prazo, em formas de organização onde a vida rompa com esse ciclo perverso de endividamento eterno às fontes financiadoras da especulação. Volto ao Brasil para lembrar de movimentos sociais que trabalham há décadas contra esse sistema sugador de vidas, e que são impedidos de trabalhar quando se negam a reforçar o paradoxo de se alimentar no prato que estar a cuspir.

A sensação pós resposta grega ao capitalismo, na zona do Euro, é de puro desafio histórico. Sabemos que o preço será alto, com vidas em maiores riscos do que garantir o saque de recursos em filas de bancos para compra de remédios e alimentos, como vimos nos últimos tempos. E como coragem nunca faltou na História grega, que o OXI seja inspiração para movimentos políticos como a RAIZ que brota no Brasil enramando esperanças para uma nova esquerda, em valores Teko Porã (O bem comum), Ubuntu (Sou porque somos) e Ecossocialismo (como crítica radical ao capitalismo).

Liliana Peixinho - Jornalista, ativista, fundadora dos Movimentos AMA - Amigos do Meio Ambiente, Reaja - Rede Ativista de Jornalismo e Ambiente, RAMA - Rede de Articulação, Mobilização Ambiental, Mídia Orgânica, O OUTRO NO EU, Catadora de Sonhos. Especializada em Jornalismo Científico e Tecnológico.
https://movimentoama.wordpress.com/…/…/06/oxi-o-que-foi-isso