Wednesday, February 19, 2014

06/03/2013 18:41:54

Umbuzeiro: símbolo de vida e resistência

Liliana Peixinho, especial para o Mercado Ético
“Não existe seca para matar um pé de umbu!” A frase dita por Sebastião de Oliveira Matos, pequeno agricultor de Monte Santo (BA), revela como há muito mais relação entre essa planta e o povo nordestino do que se possa imaginar. Mesmo diante de uma seca violenta, com tudo torrado, o chão rachado, observa-se uma árvore aqui e acolá, verdinha, sozinha, mostrando que não será fácil lhe secar a vida. Por essas e por outras, o umbu é o fruto mais popular e generoso do sertão.
“Os umbuzeiros sempre resistem. Mesmo na seca eles dão frutos. Esse ano foi pouco, mas deu”, conta Matos.

Luquinhas, um pequeno e valente nordestino, brinca nos galhos do umbuzeiro, outro nordestino tão bravo quanto ele. / Fotos: Liliana Peixinho
Renda complementar
Segundo informações da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), agricultoras e familiares do povoado de Caldeirão, localizado a seis quilômetros do município de Uibaí, são orientados a aproveitarem a safra do umbu na merenda escolar da região. Ação que integra o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o de Aquisição de Alimentos (PAA).
O período mais abundante do umbu é de dezembro a fevereiro. Nessa época pode-se ver a fruta cair, aos montes, em quintais, praças e plantações. Os agricultores são chamados a participar de capacitações promovidas pela EBDA que mostram os benefícios que o umbu pode oferecer, como por exemplo a complementação de renda.

Dizem que nem a pior das secas é capaz de acabar com os umbuzeiros
Segundo a empresa, cerca de 20 mulheres da Cooperativa Mista Agropecuária de Uibaí estão transformando a vida de suas famílias com o umbu. “Vemos a mudança acontecer na vida de cada uma delas. Hoje elas têm geladeiras e eletrodomésticos, que são a realização de um sonho. Tudo por conta desse trabalho em grupo,” conta Elisete Rocha, técnica da EBDA.
Durante o período da safra, as agricultoras fazem as polpas durante as manhãs, e, às tardes, realizam a colheita dos frutos. “Com essa dinâmica é possível produzir em média 200 quilos de polpa de umbu, que são entregues às escolas do município. O excedente vira geléia, sorvete e compota”, explica Elisete.
De acordo com Arnou Dourado, outro técnico da EBDA, com o curso de beneficiamento do umbu, as agricultoras também aprenderam a desenvolver receitas com ingredientes simples e de pouco custo. “O intuito é agregar valor ao umbu. A cocada rústica, por exemplo, leva somente açúcar, a pasta do fruto e o coco ralado, o que valoriza o doce”, afirmou o técnico.
Veja abaixo algumas receitas que podem ser feitas com esse fruto valente.
Umbuzada

O umbu serve como alimento e gera renda extra para o nordestino
Iguaria tradicional nordestina, a umbuzada é feita com o fruto do umbu, verde, inchado ou maduro, cozido, batido no liquidificador, tirado os caroços e, depois, misturado ao leite e ao açúcar. É nutritivo e saboroso.
Vinho
Jaime dos Anjos, 50, dá a receita do vinho que sua mãe, Bebé, preparava com o umbu. Deixa-se o fruto de molho no álcool. Espera fermentar. Depois, separa-se a polpa do caroço e côa-se para aproveitar só o suco. Com isso se faz o vinagre e o vinho, usando-o para temperar carne e degustar.
Doce
O doce do umbu é muito apreciado e fácil de preparar. Cozinha-se o umbu, de preferência inchado, nem maduro e nem verde. Separa-se, então, os caroços, misturando a polpa com açúcar para cozinhar longas horas até chegar o ponto de engrossar e colocar para esfriar e servir pastoso ou em barras cortadas. Esse produto é popular em feiras de produtos nordestinos do Brasil inteiro.
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(Mercado Ético)

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COMENTÁRIOS

poliana7/03/2013 às 10:00
Trabalhar a cadeia produtiva com apoio do Estado pode ser uma das saídas para maior geração de renda para muitas comunidades do semiárido.

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