Friday, September 26, 2014

Midias e Cidadania Ambiental - Artigo clipado de blogs por ai

Mídias e Cidadania Ambiental

Ter, 11/Mai/2010 00:00 Artigos científicos
Por Liliana Peixinho *

O papel da mídia na construção da cidadania ambiental é pauta corrente, urgente e desafiadora no processo de mudança de comportamento diante do que o planeta está a nos exigir para garantir a vida, com harmonia e decência. Apesar de ser consenso entre jornalistas, ambientalistas, ativistas e até empresários conservadores, o desafio é sensibilizar editores, diretores, proprietários de grandes veículos, empresariado e público consumidor de notícia, sobre a necessidade de informações didáticas na agregação de valor construtivo para uma interação harmoniosa entre produtor, consumidor e a matriz: recursos naturais.

Jornalistas especializados na área de jornalismo ambiental como Silvestre Gorgulho, diretor da Folha do Meio Ambiente; Washington Novaes, escritor e jornalista dedicado à área; Sinval Leão, diretor da Revista Imprensa; Nely Zulmira, criadora do Repórter ECO; André Trigueiro, do Programa Cidades e Soluções, Globo News; Vilmar Berna, da Rebia e Portal do Meio Ambiente; Dal Marcondes, da Agencia Envolverde; professora doutora Simone Bortoliere, Facom- Bahia e vice-presidente da ABJC- Associação Brasileira de Jornalismo Científico, dentre muitos e muitos outros Brasil afora, vem se especializando continuamente para ocupar demandas reprimidas.

A pauta interna das redações sobre o seu papel na construção da Cidadania Ambiental precisa de aprofundamento, cuidado com os detalhes, para a produção da informação com qualidade. Questão que requer compromisso do jornalista/repórter na disposição pessoal de investigar e confrontar fontes diversas para retratar fatos. Compromisso que deve ser extensivo aos proprietários dos veículos em sua representação histórica do poder de decisão no quê, como, quando, quanto e onde, será dada, ou não, uma informação.

A sobrevivência da mídia alternativa ambiental é pauta constante de discussão entre especialistas e o problema é sério para garantir, ou não, a publicação da próxima edição da revista, do jornal, da manutenção do site ou blogs que precisam de captação/banners, parceiros como contrapartidas financeiras para estar ou não no ar. Se as novas ferramentas midiáticas abrem possibilidades para o jornalismo cidadão, para a democratização da informação, para a inclusão digital, também coloca em cheque a qualidade e credibilidade da noticia.

Para continuar desenvolvendo trabalhos independentes, investigativos e comprometidos com a construção de uma nova forma de ver e sentir os alertas dados pelo planeta, precisamos mesmo continuar na sala de aula reaprendendo como informar bem para garantir o uso da informação em favor da vida, com qualidade. Perdemos colegas de trabalho cada dia mais cedo por problemas de saúde que poderiam ser evitados como
estresse, estafa, câncer de estomago, pulmão, acidentes. No entanto, como profissionais especialistas em absorver problemas, ainda não conseguimos garantia de recursos para construir a vida, com qualidade. As empresas de comunicação, os grandes produtores de poluição, a sociedade em geral, e cada pessoa, individualmente, são chamados a mudar de comportamento. Essa mudança não tem se mostrado fácil. Historicamente não fomos educados para preservar, mas para consumir demasiadamente num modelo econômico, perverso, e agora em cheque. Ainda não temos a cultura de utilização racional dos recursos naturais rumo à construção do novo paradigma da sustentabilidade cidadã.

A Sociedade é alimentada, diariamente, por uma política perversa de consumo de água, energia, alimentos e diversos produtos originados/alimentados por cadeias produtivas insustentáveis, de ponta a ponta, desde a exploração da mão de obra do trabalhador, passando pela falta de qualidade do produto, a balanços patrimoniais com lucros exorbitantes para o produtor, sem contrapartidas de reposição da capacidade do planeta, cada dia mais limitada, em repor esses recursos. O desafio de promover o desenvolvimento, a melhoria da qualidade de vida, de forma racional, cuidadosa, planejada, disciplinada, com prazer, alegria e consciência, ainda não é uma prática comum dos humanos. Aliás, consciência é atitude rara no senso comum dos “racionais”. E quem tem e pratica com razão (cérebro), emoção (coração) e espírito (alma) é alvo de criticas debochadas e irritantes. Infelizmente a realidade aponta um caminho longo e com desafios cotidianos crescentes para a adoção de ações verdadeiramente sustentáveis.

O pensar e fazer transversal, proposto pela ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva, candidata a presidente do Brasil, poderia ser lida com outro foco, como ação de valor multiplicador, em todas as esferas de decisão política, seja nas instituições do governo, Ongs e/ou paralelamente, em cada pessoa, na construção civilizada de uma cidadania ambiental.

* Jornalista, ativista socioambiental, especializada em Mídia e RSE - Responsabilidade Social Empresarial, fundadora dos Movimentos AMA e RAMA – Rede de Articulação e Mobilização em Comunicação Ambiental (www.amigodomeioambiente.com.br)

Tuesday, September 23, 2014

Criança, sensibilidade e degradação até Bola Verde- Artigos recuperados


Crianças, sensibilidade e degradação

È extraordinário como as crianças, mesmo sem ainda ter controle total sobre a coordenação motora, são mais cuidadosas que muitos adultos. Fico observando o comportamento delas ao lidar com objetos, falar coisas, brincar e cuidar dos animais, por exemplo, onde essa sensibilidade tão forte e nata na criança e, infelizmente, perdida com o passar do tempo, pudesse começar a ser resgatada o mais rápido possível, diante dos cuidados necessários à preservação das vidas. Talvez o caminho mais certo, rápido e fácil seja mesmo o do processo educativo voltado para a visão integral, holística, transversal, inteira e ao mesmo tempo, detalhada em por partes, onde tudo, no final estará relacionado ao todo.

Problemas como: A crescente Degradação dos ecossistemas do Planeta Terra; O ritmo acelerado e desenfreado da demanda turística sem incentivo às retaguardas e contra-partidas ambientais; O Desequilíbrio social em comunidades turisticamente super exploradas; A falta de políticas que priorize o turismo como fonte geradora de renda e potencial de incentivo para oportunidades de negócios que possam quebrar a cadeia cíclica e perversa da política de incentivo à desigualdade social; dentre outros, têm fortalecido o trabalho de movimentos ambientais que consideram mais importante que recursos financeiros, é a capacidade de interagir com comunidades carentes de tudo, desde a informação, ao saco de lixo para separar o que pode ser convertido em dinheiro, quase de imediato, do quê precisa ser depurado, decomposto para servir como matéria prima, a exemplo, do lixo orgânico.

Estudiosos dos problemas e das alternativas para a preservação da vida lamentam que a falta de compromisso político-empresarial com questões ambientais chaves como o turismo predatório, o tratamento e reciclagem do lixo, o desperdício de comida, água, papel e luz, vinculados um consumo crescente, sem retaguardas sustentáveis, têm gerado mais problemas que soluções em lugares onde a comunidade foi invadida pela propaganda de ocupação dos grandes complexos hoteleiros e imobiliários. “Aqui em Arembepe não tem trabalho para nós.
 Ou o povo quer gente para trabalhar como pedreiro ou somente para limpar as sujeiras que fazem. Não tem, assim, um trabalho num hotel decente, numa boutique, no comércio, em projetos onde a gente possa sentir prazer em trabalhar, juntos, e em benefício da nossa comunidade, das nossas tradições e riquezas. Eu tenho vontade de sair daqui mas meu filho é muito pequeno e não posso deixar minha avó, ” declarou, esta semana, uma nativa de Arembepe, no Litoral Norte da Bahia, mãe solteira e sem condições nenhuma de sustentar uma vida com o mínimo de condições para a garantia da sobrevivência digna.

Por essas e outras muitas pessoas tomam rumos que nem gostariam, como a prostituição, as drogas, o alcoolismo, e outros caminhos mais excludente que os da situação em que se encontravam antes de entrar nesse perigoso labirinto social. Qual o papel das Comissões das Assembléias Legislativas, das Câmaras de Vereadores e outras instancias do governo diante de problemas que poderiam ter outras alternativas que não o cenário negro e real desenhado pela jovem nativa de um lugar considerado como o Paraíso?



Coleta Seletiva e Cidadania

A coleta pública seletiva do lixo ou mesmo a separação em casa, nas escolas, nas empresas, em cada ambiente gerador de resíduos, é um dos focos dos trabalhos da AMA – Amigos do Meio Ambiente. Difundir informações que possam mudar comportamentos ambientalmente nocivos e contribuir para a geração de renda, difusão do emprego e incentivo à reciclagem criativa são alguns dos objetivos da Campanha Pela Coleta Seletiva do Lixo em Apoio aos Catadores, à Saúde Pública e à Reciclagem com Arte. Este trabalho vem sendo desenvolvido em escolas, comunidades carentes, shoppings centers, lanchonetes, restaurantes, via públicas e em qualquer outro lugar onde haja oportunidade da AMA levar informações que possam mudar comportamentos degradadores.

Esta semana utilizaremos este espaço para reproduzir informações que foram resultados da segunda edição do estudo “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil realizada pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos , relativo ao ano de 2004, e divulgada no site do Instituto AKatu Conforme a pesquisa existem, no Brasil, quase 8.000 locais onde o lixo, depositado de forma inadequada, contamina o solo e o lençol freático. Em 2004, das 53 milhões de toneladas de resíduos industriais geradas no país, apenas cerca de 3 milhões foram tratadas. Quase 100% dos aterros sanitários atuais estão no final de sua vida útil, e sua reposição exige um investimento inicial de R$ 500 milhões, acrescidos de R$ 40 milhões/mês para mantê-los em funcionamento. Para universalizar a coleta de lixo no Brasil (em especial, nas cidades com menos de 50 mil habitantes) são necessários R$ 800 milhões, além de R$ 40 milhões/mês na fase operacional.

A AMA – Amigos do Meio Ambiente tem conseguido reverter alguns comportamentos, em grupos de pessoas, em festas, shows, espaços públicos ou fechados, ao se aproximar de pessoas que acabaram de cometer um ato sujo, como jogar uma ponta de cigarro no chão, ao invés de depositá-la no lugar adequado; lançar embalagens pelas janelas do carro, das casas, apartamentos, ônibus, etc entre outros comportamentos mal educados e que precisam de vigilância para correção. Os Amigos do Meio Ambiente tem conseguido mudar esses comportamentos ambientalmente agressivos apenas com o simples gesto de falar, de forma educada e séria sobre o que aquela pessoa acabara de fazer.
 O estudo da Abrelpe conclui que, além de investimentos vultosos e de vontade política, a colaboração de cidadãos e de empresas é fundamental para minimizar os impactos negativos da geração de lixo. Por isso, enquanto a política de educação ambiental não chega às comunidades os Amigos do Meio Ambiente, como cidadãos, vão dando seus exemplos multiplicadores, com efeitos surpreendentemente positivos. Das 5.560 cidades brasileiras, apenas 237 empreendem a coleta seletiva .

Apesar de ainda serem poucas, a tendência é de aumento, já que os números relativos à reciclagem crescem a cada ano: o montante de papéis reciclados aqui é de 43,9%; de plásticos, 17,5%; embalagens PET, 35%; vidro, 45%; latas de aço para bebidas, 75%; e latinhas de alumínio, 89% este, um recorde mundial. Segundo a Abrelpe, cada brasileiro gera, por dia, 750 gramas de lixo. Ou seja, só a cidade de São Paulo produz cerca de 12 mil toneladas diárias. 
Nos municípios de todo o país, 162.232 toneladas de resíduos sólidos são coletados, diariamente, das quais 125.095 toneladas/dia referem-se aos resíduos domiciliares e comerciais e 37.137 toneladas/dia aos coletados em vias públicas. A melhor maneira de ajudar a minimizar este problema que afeta a toda a sociedade é consumir com consciência: da moderação ao comprar à separação do lixo para coleta seletiva, passando pelo aproveitamento máximo dos produtos, evitando qualquer tipo de desperdício, você colabora para que o mundo seja um lugar melhor para viver.


A ética e o meio ambiente

As relações de trabalho, de amizade, de família, do dia-dia da existência humana na sociedade estão tão degradadas quanto o meio ambiente. As pessoas estão jogando no lixo, de forma misturada, sem nenhum critério de seleção, valores como respeito, educação, dignidade, coragem, determinação, responsabilidade, seriedade e outros que nos fazem crer numa vida compartilhada, equilibrada. A mentira e a verdade estão em patamares de desigualdades tão exacerbados que está difícil saber em que, ou em quem acreditar, botar fé. O desestímulo das pessoas para uma vida repleta de sabedoria, paciência, responsabilidade e prazer é tão evidente que as manchetes dos jornais sobre violência é apenas um dos indicadores desse grave e crescente problema social.

Os profissionais ou charlatões das áreas ocultas, da psicologia social e profissional ou das “religiões” oportunistas nunca ganharam tanto dinheiro ou quebraram tanto a cabeça para entender a fragilidade de seres humanos que vivem mais como autômatos do que como pessoas que têm direito à liberdade, com as devidas contrapartidas de responsabilidade. As crianças ainda estão salvas desse processo e devemos conservar a natureza verdadeira dos seus atos para não comprometermos um futuro com mentiras e arranjos mentirosos que além de enganar aos outros, têm levado o ser humano a um processo irreversível de alimentação da mentira e de construção de uma não realidade ou realidade fantasma, enganadora, superficial e cheia de engodos.

É assustador quando se percebe este problema com uma lente de aumento onde o coração e a alma são os instrumentos de medição dessa gravidade. Tem gente que até desiste de viver, ou vive sem alegria, ou faz de conta que vive, ou empurra o dia-a-dia como um peso insuportável, provocado pela dor da inverdade. O que estará por trás disso tudo? Respostas rápidas como o egoísmo, a falta de ética, o descompromisso, a falta de solidariedade, de informação, de visão do mundo, de futuro promissor, de um mundo melhor e de perspectivas para a construção de um mundo realmente mais participativo de inclusão social, poderiam, para alguns, justificar esse comportamento degradador de vidas dignas.
 Tenho saudades da tranqüilidade de minha avó, da coragem de minha mãe, da bravura de minha tia, do espírito participativo e comunitário do pessoal do interior, lá das bandas longe da cidade, do povo que vive no escuro, sem luz elétrica, mas com um brilho nos olhos e na alma que só mesmo algumas crianças ainda mantém vivos, de forma pura.Está na hora de começarmos, imediatamente, o resgate desses valores que são impagáveis e imprescindíveis para a construção de uma vida prazerosa.


A destruição da Terra

Você deixa resto de comida no prato, escova os dentes com a torneira aberta, se ensaboa com o chuveiro ligado, lava o carro com água potável, toma banho com shampoo ou sabonete num rio, enquanto desfruta da bela paisagem, amassa papel para brincar de cesta, deixa as luzes acesas e os aparelhos ligados porque não é você quem paga a conta? Se você respondeu sim, honestamente, às estas ou algumas destas questões, que tal ler esse artigo até o final e se informar sobre os efeitos de seu comportamento sobre a degradação do planeta Terra?. 
Uma matéria publicada esta semana, na imprensa européia e difundida para todo o mundo, alerta a humanidade para os riscos de um grande desastre ambiental no Planeta Terra. O problema está na pressa capital em produzir, e rápido, sem as devidas contrapartidas de preservação da nossa grande matriz energética que a Natureza.

Conforme informações da matéria "Ao longo dos últimos 50 anos, os homens alteraram os ecossistemas mais rapidamente e numa extensão muito maior do que em qualquer outro momento da História de forma a atender às crescentes demandas por comida, água e madeira". O futuro da Terra está realmente comprometido e as pessoas, mesmo as ditas bem informadas, ainda não se atentaram para esse real perigo.
 Se os Homens pudessem, ao menos, imaginar a Terra como um grande ser vivo, pulsante e carente de cuidados, vide teoria de Gaya, quem sabe pudéssemos começar a vislumbrar um futuro onde notícias como a que surgiu esta semana não estaria em pauta. No entanto, a matéria está sustentada em informações baseadas em relatórios produzidos por fontes científicas, bem distantes dos chamados “ativistas verdes”, continuamente perseguidos inclusive, pela própria imprensa.

”Segundo opinião de 1.300 cientistas, de 95 países, que apresentaram um detalhado estudo sobre o estado do mundo, os dados não são nada animadores já que os especialistas descobriram que:”dois terços dos ecossistemas estudados sofreram terrivelmente ao longo dos últimos 50 anos. As regiões secas, que representam 41% da superfície terrestre do planeta, foram particularmente afetadas e, ainda assim, são as áreas onde a população humana cresceu mais rapidamente ao longo dos anos 90. O documento “Avaliação do Milênio dos Ecossistemas” identifica meia dúzia de lugares onde podem ocorrer mudanças abruptas sem esperança de recuperação no tempo de vida de uma pessoa. Onde a degradação for lenta e inexorável, pode não haver um colapso ambiental total, mas as pessoas mais pobres do mundo serão as que mais sofrerão.

O coordenador do relatório, Walt Reid, afirmou que se a comunidade internacional não tomar medidas decisivas, o futuro é incerto para a próxima geração. “O ponto principal do documento é que estamos gastando todo o capital natural da Terra, exercendo tamanha pressão sobre suas funções naturais que a capacidade dos ecossistemas do planeta de sustentarem as futuras gerações não pode mais ser tida como certa“ afirmou Reid. 
A esperança, ou a nossa chance, diante dos dados apresentados, é a mudança de comportamentos degradadores, como o desperdício de comida, água, energia e papel, por exemplo, que têm efeitos multiplicadores noviços para os ecossistemas. “Podemos reverter a degradação, mas as mudanças necessárias são substanciais e ainda não estão sendo adotadas. Os cientistas concluíram que o planeta foi substancialmente alterado por causa da pressão exercida sobre os recursos naturais em razão das crescentes demandas de uma população cada vez maior. A Degradação não tem precedentes na História e o custo total disso somente agora está se tornando aparente. Dos 24 ecossistemas considerados vitais,15 estão seriamente degradados ou usados de forma insustentável.
Conforme o relatório “Aproximadamente um terço da superfície do planeta encontra-se ocupada por cultivos, sendo que o número de áreas convertidas em plantações desde 1945 é maior do que a soma das regiões que passaram a ser cultivadas nos séculos XVIII e XIX. O volume de água desviada de lagos e rios para a indústria e a agricultura dobrou desde 1960 e, hoje, a quantidade de água armazenada em reservatórios é de três a seis vezes maior do que a que flui naturalmente. A quantidade de nitrogênio e fósforo lançada no meio ambiente em razão do uso de fertilizantes dobrou no mesmo período.
 Esse volume sem precedentes de nutrientes vem provocando o crescimento excessivo de algas, o que pode destruir ecossistemas inteiros. O aumento da atividade humana afetou a diversidade de animais e plantas. No século passado, foram documentadas cerca de 100 extinções, mas os cientistas acreditam que a verdadeira taxa de desaparecimento de plantas e animais é mil vezes maior, com perdas significativas de biodiversidade e diversidade genética.


Meio Ambiente e Edu-comunicadores

Nos próximos dias 13 a 17 de junho a Biblioteca Pública da Bahia (Biblioteca dos Barris, em Salvador), transforma-se no quartel general de Edu-comunicadores de todo o país. Jornalistas, radialistas, profissionais da comunicação ligados ao meio ambiente e Cultura ambiental participam do I Encontro Nacional de Comissões Estaduais Interinstituicional de Educação Ambiental (CIEA`s) e de Educomunicação Ambiental (Rebeca) das 09 às 21 horas. 
O papel da Rebeca estará em discussão com especialistas vindos de toda parte do Brasil. Os temas em pauta, expostos por autoridades ligadas ao Ministério do Meio Ambiente, Câmara dos Deputados, Secretaria do Estado, Ongs, Universidades e instituições da área ambiental, vão desde a Política de Comunicação Ambiental, passando pelo papel das redes nessa área, até a sugestão de ações e políticas que devem nortear a dinâmica dos grupos de trabalho que acontecerão durante o evento.
Entre os objetivos do encontro destacam-se : O Fortalecimento da Comunicação e da Educação Ambiental em suas interfaces, e a Defesa da Democratização da Informação e Saberes, respeitando a lógica das redes populares, comunitárias, científicas, culturais e artísticas; A inserção da questão ambiental nos meios de comunicação, contribuindo no avanço dos conteúdos e práticas de Comunicação Ambiental no âmbito das políticas públicas; Ser mais uma voz na defesa do direito à comunicação e da participação popular na criação e gestão dessa polêmica temática; Divulgar, ampliar e estruturar a Rede, de forma a viabilizar plenamente o cumprimento de seus objetivos; Fazer com que a rede se consolide como canal de diálogo entre governos e sociedade na construção participativa de políticas e programas de comunicação ambiental, na perspectiva educativa; contribuir para o enraizamento da educação ambiental junto a públicos como de jornalistas, radialistas, publicitários e outros profissionais de comunicação, comunicadores amadores e populares, artistas, produtores e gestores culturais, comunicadores que atuam em órgãos públicos e professores, pesquisadores e estudantes em todo o Brasil.
Na área de Cultura por exposições como: Varal de Exposição: ação educativa e cultura de conservação da escola - Organização de Auxílio e lazer o evento tem uma vasta programação que passa Fraterno – OAF; Permacultura no semi-árido - Instituto de Permacultura da Bahia – IPB; história, cultura e meio ambiente do subúrbio ferroviário; acervivo / Amigos do Parque São Bartolomeu -Instalação: mobiliário e utilitários produzidos pelas oficinas de reciclagem e reaproveitamento da Limpur be Exposição Fotográfica: O Homem e o Meio Ambiente - L iliana Peixinho ; Exposição de Esculturas: vazias capturas - Marco Aurélio Damasceno;peça teatral: peixe morre pela bomba ; bazar contemporâneo de Arte & Cia.

Este evento é uma demonstração clara de que uma rede pode funcionar virtualmente, para articular, mobilizar e agir para um encontro entre os participantes, de forma real, num lugar onde tudo o que foi programado pela internet, co baixos custos, pode ser concretizado, num tempo e lugar onde as pessoas escolheram. Sucesso ao evento e que os objetivos realmente sejam cumpridos. Amém.


Especulação Imobiliária x Preservação

É cada dia maior o número de árvores derrubadas, rios desviados ou poluídos, lixo acumulado e nativos desempregados ou explorados pela indústria do turismo baiano. As matérias publicadas da grande imprensa, sob encomenda ou não, dão a verdadeira dimensão deste mercado. As fontes destas matérias estão sempre ligadas com as empresas de turismo do governo ou com o trade turístico formado por empresas que vão desde pequenas agências de turismo no interior a complexos hoteleiros grandiosos e que envolvem grandes somas de dinheiro financiado por empresas internacionais ou nacionais interessadas na expansão deste mercado.

A falta de responsabilidade das empresas imobiliárias vem mobilizando moradores e ambientalistas mais acordados e comprometidos com o futuro. No Litoral Norte de Salvador, por exemplo, na chamada Costa dos Coqueiros, Movimentos como o SOS Capivara, Coqueiro Solidário, Orquídeas, Proposta Universo Converso e AMA – Amigos do Meio Ambiente, vem se articulado para fazer valer o grito de protesto da comunidade contra projetos como o do Condomínio Laguna, em Arembepe, cuja tramitação burocrática para a concessão da licença local dada pelo CRA – Centro de Recursos Ambientais, sem passar pelo Ibama, pela Comissão de Meio Ambiente da OAB, Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, sociedade civil organizada e outros órgãos, indignaram moradores como Edmundo Sales, que, como compositor e cantor da “Banda Nòs” não se cansa de defender a natureza, onde o Rio Capivara, as dunas e o mar, são alguns dos seus maiores focos de defesa. “Moro aqui há mais de 12 anos e nunca ví as águas do rio transbordar tanto como nos últimos cincos anos. Essas enchentes tem sido provocadas, principalmente, pelos aterros feitos em áreas como a Caraúna, onde houve a construção de estacionamentos e outros equipamentos que atingiram o rio”, denuncia o morador.

Uma matéria publicada na editoria de Economia e Negócios, da Revista Veja, de 23 de março de 2005, revela que há uma chuva de investimentos no litoral baiano, onde não pára de ganhar novos complexos turísticos. Segundo o texto “o que impressiona neste momento, é a quantidade de hotéis, pousadas e resorts que pipocam por todas as seis “costas” (Coqueiros, Bahia de Todos os Santos, Cacau, Dendê, Descobrimento e Baleias) em que a Orla Baiana se divide. Muitos em lugares pequenos simples e sem luxo, outros que buscam hóspedes com muito dinheiro, oferecendo em troca campos de golfe de padrão internacional, estrutura para pesca e esportes náuticos, spas bem equipados, bons restaurantes, acomodações confortáveis e serviço de qualidade”. Para o mercado hoteleiro, tudo, para a comunidade o lixo, os problemas, o sub-emprego e a exploração da mão de obra.

Jornalistas como Priscila Maria Gallo, artesãos como Batata, músicos como Edmundo e outros moradores de Arembepe não páram de trabalhar, com arte, através da música, do Teatro Jornal e outras manifestações que mobilizam a população para construir sem destruir. Afinal onde está a política de sustentabilidade para essas empresas que só querem degradar, sem dar as contrapartidas necessárias à preservação das riquezas naturais?

Tolerância x Limites

Antes de começar a exposição do tema deste artigo gostaria pedir desculpas aos nossos leitores pela ausência, nos últimos meses. Acúmulo de tarefas e viagens sucessivas podem justificar essa ausência. Para retomar nossos contatos, estou repassando para os fiéis e novos leitores dessa coluna, trechos de um artigo do Frei Leonardo Boff que recebei esta semana, sobre questões importantes da pauta diária dos meios de comunicação.

Com muito rigor, compromisso, ética, seriedade e um chamado para a análise profunda sobre os nossos comportamentos cotidianos, esse Homem revolucionário, corajoso e com fé nas mudanças para a preservação da vida digna, nos chama para pensar sobre a necessidade de impormos limites à tolerância sobre aspectos da atual realidade como: Exploração do Trabalho Infantil, Prostituição, T ráfico de Órgãos Humanos, Sub-utilização da Mão-de-obra, Lucros Escusos, Uso de Religiões e Projetos Políticos como argumentos para o lucro fácil, Máfias de Drogas, Armas e Seqüestros, que mutilam, matam e causam dor, entre muitos outros “temas” já banalizados pela própria tolerância. Pelo faz de conta que não se vê, não se ouve e não se sente. Por um sentimento perigoso, que se confunde com a cinismo, o comodismo e a falta de compromisso com a construção da igualdade.

No texto do teólogo Leonardo Boof ele diz: “Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas porque ergueram sua voz e tiveram a coragem de dizer: “não te é permitido fazer isto ou aquilo”. Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, sensibilidade ética ou comodismo”.Como ambientalista que tem o Planeta Terra como referência da nossa grande casa Leonardo Boof diz:” Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida humana do Planeta e de destruir grande parte da biosfera. Há que submetê-los a controles severos”.

Como humanista e defensor dos direitos conquistados ao longo de uma história jorrada de sangue, o pensador escreve como quem olha firme para o outro dizendo: “ Não devemos ser tolerantes com aqueles que assassinam inocentes, abusam sexualmente de crianças, traficam órgãos humanos. Cabe aplicar-lhes duramente as leis. Não devemos ser tolerantes com aqueles que escravizam crianças para produzir mais barato e lucrar no mercado mundial. Aplicar contra eles a legislação mundial. Não devemos ser tolerantes com terroristas que em nome de sua religião ou projeto político cometem matanças. Prendê-los e condená-los duramente às barras dos tribunais.
Não devemos ser tolerantes com aqueles que, no afã de lucro, falsificam remédios que levam pessoas à morte ou instauram políticas de corrupção que dilapidam os bens públicos. Cada país impõe duras penas a esses criminosos”.

Como testemunha de fatos ocorridos com pessoas próximas da sua luta, o frei Leonardo Boff escreve, como quem fala ao pé do ouvido, com muita cautela e firmeza na voz: ”Não devemos ser tolerantes com as máfias das armas, das drogas e da prostituição que incluem sequestros, torturas e eliminação física de pessoas. Há punições claras. Não devemos ser tolerantes com práticas que, em nome da cultura, cortam as mãos dos ladrões e submetem mulheres a mutilações genitais. Contra isso valem os direitos humanos. Nestes níveis não há que ser tolerantes, mas positivamente intolerantes, que implica sermos firmes, rigorosos e severos. Isso é virtude e não vício. Se não formos assim, não teremos princípios e seremos cúmplices com o mal.

Como defensor ferrenho da liberdade como porta para a felicidade, o pensador e teólogo de respeito em todo o mundo afirma: “A ilimitada liberdade conduz à tirania do mais forte. Da mesma forma também a ilimitada tolerância acaba com a tolerância. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam da proteção da lei. Senão, assistiremos a ditadura de uma visão de mundo que nega a todas as outras.O resultado é raiva, amargura e vontade de vingança, fermento do terrorismo. Onde estão, então, os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza”.

Finalmente, como Homem de cultura transversal e holística, ele lembra: “A Carta da Terra zela pelos direitos da natureza e quem os violar perde legitimidade”. Por fim, ele questiona?: “Dá para ser tolerantes com os intolerantes? A história comprovou que combater a intolerância com outra intolerância leva à espiral da intolerância. A atitude pragmática busca estabelecer limites. Se a intolerância implicar crime e prejuízo manifesto a outros, vale o rigor da lei e a intolerância deve ser enquadrada. Fora deste constrangimento legal, vale a liberdade. 
E, como Homem dialético e em harmonia como as leis do Universo ele finaliza o texto dando uma demonstração da incansável luta pela defesa da exposição de idéias, dizendo: ”Deve-se confrontar o intolerante com a realidade que todos compartem como espaço vital.. Deve-se levá-lo ao diálogo incansável e fazê-lo pensar sobre as contradições de sua posição. O melhor caminho é a democracia sem fim que se propõe incluir a todos e a respeitar um pacto social comum”.


Alimentos x Segurança de Vida

O Brasil ocupa o 5º lugar no mundo no uso de agrotóxicos. É recordista e líder mundial em reciclagem de embalagens nessa área, exatamente como conseqüência deste uso exacerbado de produtos químicos na agricultura. Esses dados são reveladores de um grande problema ambiental. O Brasil está mais preocupado em incrementar uma agricultura em larga escala com produtos sem qualidade para a saúde, do que, por exemplo, incentivar a produção agrícola familiar com base na qualidade de alimentos que, mais do que simplesmente matar uma fome imediata e ajudar na balança comercial do país, precisa ter segurança e qualidade orgânica nessa alimentação.

Segundo informações de especialistas em Segurança Alimentar o Brasil vem adotando o uso dos agrotóxicos (que surgiu, na Alemanha, como arma química na chamada Revolução Verde dos anos 60) também como forma de prevenção da lavoura e isso tem consequências danosas para o meio ambiente, desde questões como a contaminação do solo, do ar, da água, das plantas ao redor das plantações, até os próprios produtos de colheitas como a soja, o tomate, o algodão, o milho e outras que estão propícias às ações de pragas, insetos, matos e bactérias que circundam as plantações. Para fazer uso desses produtos haveria necessidade de se fazer um estudo sobre o tipo de praga, inseto, erva daninha com a especificidade e características próprias do tipo exato para então se fazer o uso correto, como um remédio curador e não como forma de prevenção. Aqui a prevenção teria que ser em outro nível ambiental onde os projetos de plantações de produtos orgânicos podem emprestar suas experiências.

O fato é que não podemos aceitar que um país como o Brasil, que começa a ter vez lá fora como um promotor do combate à fome, possa estar com práticas de agriculturas tão imediatas e insensatas. Como disse um apresentador de um programa rural: “O Homem não pode morrer de fome, mas será precisa morrer do quê come?”. Meu amigo Luis, lá de Arembepe não abre mão de andar mais e pagar mais caro, infelizmente, por um mamão pequeno e de carne macia e doce, uma goiaba redondinha e também pequena, mas de qualidade, ao ter que enfrentar filas de supermercados para comprar goiabões e mamaozões inchados de produtos químicos que só em vê-los expostos nas prateleiras começa a ter náuseas.

O pior de tudo é que, nos grandes centros urbanos, as frutas, legumes e hortaliças orgânicas acabam sendo mais caras e, lá nas feiras de cidades como Senhor do Bonfim, Igara, Jaguarari e outros lugarzinhos de belos e puros grandes quintais e roças, esses produtos são tão baratos que nem cobrem as despesas dos feirantes saírem de suas casas para expor seus produtos aos fregueses. Que o Mercado, a complicada Economia, os números da Balança Comercial, etc, possam ser mais sábios e comecem, já, a zelar, a incrementar uma Política Agrícola que cuide da saúde da população através da oferta de alimentos que possam ser a verdadeira fonte de vida. Será se a indústria farmacêutica dita curativa permitiria isso?


Liliana Peixinho * – Jornalista Ambiental, Correspondente na Bahia do Jornal Folha do Meio Ambiente, presidente da AMA – Amigos do Meio Ambiente e coordenadora da RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental. Autora da monografia ”O Papel da Mídia na construção do Turismo Sustentável ”.


Cuidados com as nascentes  

A Bahia, o Brasil, são abençoados por Deus e pela água doce. A importância das pequenas nascentes na formação das grandes bacias hidrográficas depende do cuidado de cada um de nós. Esses pequenos veios d’água são como artérias do corpo humano que distribuem o sangue para garantia da vida. Esse sangue, como a água, tem que ser de qualidade. E como podemos garantir isso?. Sabemos que o álcool, o fumo, a gordura e o açúcar em excesso, dentre outras guloseimas, são nocivos ao bom funcionamento do corpo. Para garantir a qualidade do sangue devemos garantir a qualidade do quê, como e quanto comemos.

Para garantir a qualidade da água é necessário que haja consciência sobre os cuidados com o meio ambiente. Não poluir as nascentes com lixo químico, conservar as vegetações das margens, não pescar em época de desova, conservando o ciclo natural desses ecossistemas, é um caminho para garantir a vida vegetal e animal desses ricos ambientes. Quando a gente quebra esse ciclo de cuidados, poluindo, degradando e desmatando, quebramos também, o ciclo da vida. A água fica poluída, o peixe morre, o homem não pesca e se o homem beber dessa água suja, fica doente. Ficando doente, não trabalha, não produz, o governo gasta e a exclusão aumenta.

O Brasil é o paraíso das águas doces da terra. E todo o mundo está de olho nessa nossa riqueza. Rios como o Amazonas e o São Francisco, por exemplo, são matrizes energéticas de sustentação de vida do planeta, porque detêm a concentração de uma múltipla biodiversidade, onde várias espécies estão na lista de extinção. O peixe boi, a ararinha azul,o tucano,o boto, o surubim, a arueira, o jequitibá, a andiroba, a sucupira e um sem número de nomes bonitos e ricos, engrossam a lista das espécies em extinção.

Sabe aquela história de que de gota em gota a gente enche um copo dágua, de nascente em nascente a gente enche os riachos, os rios, as grandes bacias hidrográdicas que servem para gerar energia e alimentar cidades, estados, países. Que nas trilhas do nosso dia-a-dia possamos semopre estar atentos para os mínimos cuidados com cada gota de água desse nosso planeta Terra sedento de água limpa.


Riqueza devastada

A pauta de exportações do agro-negócio brasileiro, seja em grãos, como a soja, ou em carnes, como a do boi e a do frango, sempre foi capitalizada politicamente pelo governo federal, como uma justificativa de ascensão do país, no cenário econômico mundial. Com isso, as conseqüências dessa política desenfreada pelo lucro devastaram a floresta amazônica, o cerrado do oeste e a mata atlântica dos litorais do Brasil. A substituição de ambientes biodiversos por monoculturas, estritamente voltadas para a exportação, não só deixou de prover a fome do brasileiro – restringindo a nossa alimentação ao simbólico feijão com arroz – como diminuiu a riqueza da sua matriz energética, ainda no topo dos mais biodiversos do mundo.

É simples, se o governo Lula, por exemplo, tivesse priorizado a reforma agrária, com a agricultura familiar, programas como o bolsa-família não teria sentido de existir, já que as condições para a construção da dignidade estariam garantidas na base, na origem dos problemas da miséria nacional. O combate à fome não requer medidas paliativas, de engodos mensais. Ele requer seriedade e propostas de ações concretas há longo prazo. 
Por que os ribeirinhos do São Francisco, como os índios Trukás, por exemplo, têm que pagar um preço altíssimo pela irrigação da cultura do arroz, da batata, da mandioca ou da cebola, vender esses produtos a preços irrisórios, e depois dos beneficiamentos industriais, recomprá-los por três ou mais vezes do que fora vendido anteriormente?

A terra brasileira, com suas infinitas riquezas naturais, nunca foi prioridade do governo. Historicamente, foi alvo da exploração de outros países.Foi assim com o pau-brasil, com a cana-de-açúcar, o café, a borracha, o algodão, o leite, com os minérios, o ouro e as pedras preciosas. E agora, a fauna e a flora são a ponta-de-lança da biopirataria mundial. As pesquisas genéticas feitas pela Inglaterra, Estados Unidos, França, e por outras nações, que sempre souberam o valor do conhecimento biológico, para a produção de medicamentos, devem estar sob o controle de instituições, como o Ministério do Meio Ambiente.

Neste contexto, a valorização da cultura indígena, que resiste simbolicamente, em tribos espalhadas pelo Brasil afora, se ressente de uma política compensadora dessa nossa falha antropológica. Que os candidatos a cargos políticos, em campanha eleitoral, possam incluir em suas propostas ao eleitorado, ações que realmente possam ajudar na construção da cidadania sustentável, onde, direitos como um prato de comida colorida; uma casa com água potável; uma escola que prime pela educação multidisciplinar; e um bairro onde se possa ir e vir sem medo, já é um bom começo. Amém!



Liliana Peixinho * - Jornalista, correspondente da Folha do Meio Ambiente; coordenadora da AMA – Amigos do Meio Ambiente (www.amigodomeioambiente.com.br) – articulista de jornais e sites como o Jornal do Meio Ambiente; moderadora da REBIA-NE – Rede Brasileira de Informação Ambiental.


Bola Verde

A sede da Copa do Mundo é, também, a sede do movimento ambiental. Quando observamos o cuidado com o verde dos gramados dos estádios alemães e toda a infra-estrutura pensada e concretizada para não impactar, muito, o meio ambiente, a exemplo de ações preventivas com relação ao lixo gerado pelo evento, onde tem visitantes civilizados e nem tanto, imaginamos, também, que a Alemanha tem todo esse cuidado com o meio ambiente porque não tem mais as riquezas naturais de antes. A indústria, de ponta, já se encarregou, principalmente nos pós-guerras, de transformar a grande matriz energética Natureza, em ferro, cimento, vidro, plástico e insumos para a base de consumo. Por isso, hoje, corre atrás do prejuízo, para tentar garantir o mínimo quem restou.

Da janela do avião, na saída do aeroporto de Frankfurt, lembro de imagens que constatam a aridez do solo, com muito ferro, cimento, vidro e madeira. Ao chegar ao Brasil, da mesma janela do avião, o cenário mudou, mesmo em São Paulo, grande metrópole como Frankfurt, observamos o contraste entre o que é o Brasil e o que é um país como a Alemanha, por exemplo, onde na questão do verde, a diferença é enorme, gigantesca. E faz-nos refletir que o Paraíso ainda pode ter sua bola verde rolando em campos de gramas naturais, improvisados nas margens das estradas, ladeadas de florestas, onde o verde é abundante, denso e forte como o Brasil.

Que a bola verde possa rolar nos gramados da grande bola Terra como uma necessidade de se reproduzir outra cultura tão lindas, massiva e poderosa como é a cultura do futebol, da bola rolando de pé em pé, com o objetivo de marcar o gol. Que possamos ter um nosso gol homens de boa fé, consciência e responsabilidade para agarrar a fúria de pés que chutam para o alto, a valorização da natureza, a preservação dos ecossistemas, a dignidade da vida humana, o respeito às diferenças entre muitos outros valores sagrados. Vamos fazer muitos gols rumo à sustentabilidade cidadã, democrática, participativa, igualitária. Vamos formar vários times que treinem, pratiquem e multiplique exemplos de cidadania, de cuidado, de valorização do sagrado, da verdadeira riqueza de qualquer nação é a Natureza, dos Homens e do ambiente.



* Liliana Peixinho - Correspondente na Bahia do Jornal Folha do Meio Ambiente, articulista do Jornal do Meio Ambiente, coordenadora da AMA – Amigos do Meio Ambiente e da RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental,Moderadora do Grupo REBIA – Nordeste.

Uma vida pela vida até Política e água - Cuidado - Artigos recuperados



Uma vida pela vida

O ato de dom Frei Luiz Flávio Cappio, em greve de fome iniciada esta semana até a morte ou até que o presidente tome uma atitude racional em nome do Rio São Francisco, é de extrema coragem e de doação de sua própria vida em nome de futuras vidas que dependem de águas puras do cansado Velho Chico. È também uma atitude que reflete, diante da insensibilidade e irracionalidade do governo Lula, a necessidade de comportamentos radicais, extremos, para deixar envergonhado um governo que não parece se preocupar com o maior e grande bem da humanidade, á água.

Quando assessorei o deputado Edson Duarte como deputado estadual baiano fizemos várias ações em favor da reversão de uma então possível proposta de reforço à infeliz e criminosa idéia de Transposição do Rio São Francisco, que conheço de perto desde os meus primeiros meses de vida, na minha cidade natal, Barreiras. Os setores progressistas da Igreja foram mobilizados e articulados, em 2001 num grande encontro de jornalistas para reforçar a defesa da proposta de “Transposição não, Revitalização sim, urgente”.

Veio representação de todos os lugares do Brasil para a o Seminário, então denominado: “Vida para o Rio, vida para o Povo”, realizado nas dependências da Igreja Católica, na Praça da Sé, numa proposta ecumênica, de grande mobilização em favor do Rio. Vieram índios de diversos municípios banhados pelo Velho Chico, vieram representantes de Dioceses de diversos estados do Brasil, ribeirinhos das mais longínquas cidades da Bahia, Pernambuco e Sergipe. Compareceram jornalistas engajados e comprometidos com o ideal da revitalização já do Velho Chico e gente especialista no valor da água como bem essencial para a garantia da vida.

O ato de Dom Luiz Flávio Cappio bem que poderia ser evitado e o governo Lula se resguardaria de mais um constrangimento público. Lamentamos, mas apoiamos e iremos ficar com dom Luiz em todos os instantes de sua dor e sofrimento, iremos divulgar em todas as mídias, espalhar por todos os cantos e acompanhar a reação do governo, segundo a segundo porque conforme narra o próprio dom Luiz, há mais do que justificamos históricas para isso.

Transcrevemos a seguir a declaração que acompanha a carta de Dom Luiz enviada ao presidente Lula. “Uma vida pela vida ” - Em nome de Jesus Ressuscitado, que vence a morte pela vida plena, faço saber a todos: 1. De livre e espontânea vontade assumo o propósito de entregar minha vida pela vida do Rio São Francisco e de seu povo contra o Projeto de Transposição, a favor do Projeto de Revitalização. 2. Permanecerei em "greve de fome", até a morte, caso não haja uma reversão da decisão do Projeto de Transposição. 3. A "greve de fome" só será suspensa mediante documento assinado pelo Exmo. Sr. Presidente da República revogando e arquivando o Projeto de Transposição 4. Caso o documento de revogação, devidamente assinado pelo Exmo. Sr. Presidente, chegue quando já não for senhor dos meus atos e decisões, peço, por caridade, que me prestem socorro, pois não desejo morrer. 5. Caso venha a falecer, gostaria que meus restos mortais descansassem junto ao Bom Jesus dos Navegantes, meu eterno irmão e amigo, a quem, com muito amor, doei toda a minha vida, em Barra, minha querida diocese. 6. Peço, encarecidamente, que haja um profundo respeito por essa decisão e que ela seja observada até o fim."Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM.


A consciência de cada um

Até onde, como e quando as pessoas estão realmente preocupadas com a preservação do Planeta Terra? Será de que maneira cada um está consciente de que cada ato que pode favorecer ou prejudicar a preservação dos nossos recursos naturais. Em que nível de informação as pessoas estão para saber que uma ponta de cigarro a mais ou menos é super importante nesse processo de condução para a preservação da Vida nos ambientes? Qual pode ser o grau de satisfação, insatisfação de cada pessoa ao praticar um ato ambiental correto ou degradador? Até quando ainda irá prevalecer aquela idéia de que: ah todo mundo joga, eu também vou jogar uma ponta de cigarro aqui, uma garrafa de pet, ali, ou uma latinha acolá? 
Será muito tarde quando as pessoas começarem a pensar que: “ele jogou, mas eu não jogarei, eu não poluirei, eu não degradarei, não importa se a minha contribuição é pouca, mas a minha parte nessa sujeira eu não deixarei? Ah de chegar o dia em que alguém todos dirão: Eu estarei tranqüilo de que um dia um tal plástico jogado no mar, engolido por um golfinho qualquer, em qualquer lugar dos mares, não terá a minha contribuição pela sua morte. Sabendo que essa tranqüilidade é tão benéfica para si, interna e pessoalmente, como o é para o externo, o ambiente de fora, que nos abastece e que nos favorece a vida. Assim como um mais um são dois, um menos um é zero. Quanta diferença isso faz? Comece jogando uma ponta de cigarro, mais outra, e, depois, tirando uma, e depois a outra. Um monte, cresce, e o outro, desaparece. Essa é uma grande diferença.

Nesse raciocínio consciente imaginemos alguém assim: Eu não vou precisar fazer tal ato na frente das pessoas para me sentir bem, eu vou fazê-lo sempre, com as pessoas presenciando ou em suas ausências porque o que importa é o meu ato, individual para a construção do coletivo. Se eu puder multiplicar o meu ato é claro que procurarei fazê-lo sempre, ao máximo, para do bom exemplo colhermos bons frutos na construção de um futuro limpo. Semana passada conheci uma pessoa que jogava ponta de cigarro pela janela do carro ou mesmo nas ruas. 
Fui impelida a lhe dizer de forma delicada, que no meu carro nada se joga pela janela do carro. Sempre tive problemas como ao dirigir, apagar o cigarro. Esta pessoa absorveu a idéia com tanta seriedade que imediatamente descobriu um jeito simples de apagar o cigarro, jogando a brasinha fora e guardando a bituca na lixeira, sem correr risco de pegar fogo em nada dentro do carro. O engraçado é que enquanto dirigia esse filho de Deus fazia questão de dar a ponta de cigarro, pagada, para o carona, jogar no lixo numa demonstração clara de que havia não só aprendido a lição e ficado feliz com isso, mas agregado valores a ele, como a nova forma de pagar o cigarro sem riscos.

A Carta da Terra tem o seguinte começo: "Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Para chegar a esse propósito, é imperativo que, nós os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações". Uma amiga me falou que na casa dela as crianças estão fazendo xixi e chamando o outro para aproveitar o embalo e dar uma descarga só. 
Exageros à parte, o interessante é o despertar da consciência para a questão do desperdício criando uma nova cultura de racionalização no consumo de um recurso como á água, precioso e limitado. As crianças estão aprendendo muito rápido a importância da coleta seletiva do lixo, da reciclagem criativa como geração de renda, auto-estima e da cidadania. Se perguntarmos a ela porque tudo isso elas falarão rapidinho que o Planeta Terra está doente e que precisamos cuidar dele, com muito zelo, o tempo todo. Amém.


Turismo e Comunidade

As relações entre empreendedores turísticos e a comunidade tem se mostrado conflituosa na defesa de interesses diversos. Por um lado o patrão quer qualidade nos serviços hoteleiros nas mais diversas áreas, desde a camareira e o chefe de cozinha, ao prestador de serviços como fornecimento de água, gás e comida. Por outro lado, o empregado quer respeito, bons salários e liberdade para o processo de produção. Aqui ali estas condições não são atendidas. Quando extrapolam os limites os trabalhadores ficam desempregados e os patrões sem condições de incrementar os serviços por falta de mão de obra qualificada. O que fazer diante do emperramento das relações?

O Governo vem divulgando uma série de programas e projetos na área de capacitação turística, sem ainda ter o alcance necessário ao efeito multiplicador dos ditos “modelo de gestão”. Toda riqueza natural do Brasil parece sucumbir-se às fragilidades de um mercado onde a filosofia do lucro fácil, rápido e inescrupuloso resiste às tentativas de construção de parcerias sociais comunitárias rumo ao equilíbrio, harmonia e comunhão de idéias, atitudes e gestos em prol de uma cidadania ativa e prazerosa. O encanto natural dos nossos roteiros turísticos não pode ser quebrado com elementos adversos à proposta de construção de um olhar holístico, integrado, multicultural. A preservação da natureza humana, pura e indelével do nativo é uma riqueza que não pode ser comprada com euros e dólares.

Há diversas publicações em circulação promovendo empreendimentos turísticos como sustentáveis, integradas a comunidade, que merecem mais atenção dos ambientalistas e preservadores da cultura. Um deles diz o seguinte: “A reserva representa um salto de qualidade para a localidade, tanto do ponto de vista social quanto econômico, consolidando a região como destino turístico de padrão internacional. Para proporcionar mais cidadania e consciência social para a região, a estimativa é de utilização de mão de obra local, geração de novas oportunidades de negócios para os empreendedores locais, com impacto positivo nas suas diversas atividades”. 
Se esses empreendedores, anunciantes como o do texto acima, não perceberem a importância de acolher e envolver a comunidade em seus projetos, de forma participativa, transparente e respeitosa, a tão polemica e conturbada relação entre “gringos” e nativos, podem levar nossas riquezas naturais para um mar de lamas onde golfinhos, tartaruguinhas, baleias, micos-leão dourados, ararinhas azuis e sustentabilidade, serão apenas nomes, sem espaço para a construção de uma nova Historia.


Turismo Insustentável

Proteção das comunidades tradicionais, preservação da Mata Atlântica, rios, florestas, diminuição da presença do homem na paisagem, programas contínuos de educação ambiental, dentre outras políticas preventivas, não parecem estar listadas como prioridades para os analistas das licenças ambientais concedidas por órgãos como CRA, IBAMA e outros que compõem os chamados Conselhos ou Comissões de Poder para deliberar e tornar de uso capital, paraísos que ainda temos no Litoral Norte da Bahia e em outros lugares, Brasil afora.

Os artifícios técnicos que os lobistas da área do turismo têm usado para maquiar relatórios, projetos e documentos que fazem parte do trâmite burocrático para a concessão de uso de áreas com potencial biodiverso necessário ao equilíbrio do planeta, são tão poderosos quanto os investimentos feitos pelo próprio Governo para preparar a infra que os empresários querem e exigem como contrapartidas políticas eleitoreiras.

Em Arembepe, por exemplo, a comunidade está atenta , se articulou com várias ONGs e formou o Movimento pela Preservação da Vida e da Cidadania, fez protestos, participou de audiências públicas, reuniões, mesas redondas, debates, denúncias na imprensa e diversos outros instrumentos legítimos de mobilização, mas não conseguiu impedir a construção do mega empreendimento imobiliário,” Paradiso Laguna” , situado numa área de 96 hectares, ao lado de uma placa que identifica a área como de proteção ambiental “ APA – Rio Capivara”. O artifício usado para driblar as normas legitimadas pela Lei foi o rezoneamento da área, antes classificada como “ Zona de Proteção Visual” para “Zona de Turismo Residencial”. Com esse artifício o CRA concedeu a licença achando que a população não percebe os impactos que serão gerados entre uma classificação e outra.

Em matéria da jornalista Katherine Funke, publicada dia nove de agosto, no Jornal A Tarde, Caderno Especial Vida e Ambiente, há informações sobre a preocupação do Projeto Tamar/Ibama, em relação ao mega projetos para o Litoral Norte, somente com relação à proteção das tartarugas, nas praias, como se esse ambiente, o das tartaruguinhas, estivesse desassociado dos outros, como os rios, o lixo que se joga, o volume de visitantes sem consciência ambiental e principalmente as populações tradicionais. 
Na Base do Projeto Tamar, em Arembepe, uma das mais antigas do Projeto, o portão que dá acesso para a Vila Aldeia Hippie está fechado, sem nenhuma justificativa procedente, impedido que visitantes que durante anos e anos utilizaram este acesso para conhecer a história de Arembepe, fiquem, agora, impedidos de entrar por ali. Representantes da Associação de Moradores estão protestando pela diminuição dos visitantes à Vila. Faixas, cartazes, debates, articulação com Ongs e com a imprensa estão na pauta dos moradores para a urgente a reabertura do acesso.


A Natureza Humana e o Meio Ambiente

As condições adversas, desiguais e injustas entre sociedades, onde poucos têm muito e muitos têm muito pouco ou quase nada, tem causado uma grande e transparente agonia na existência do ser humano.

A complexidade do comportamento humano para garantir o utópico, desejado e necessário equilíbrio nas relações sociais tem desafiado Homens bem intencionados e de fé na descoberta de caminhos que possam clarear a escuridão de mentes perversas, egoístas, mesquinhas, psicopatas, perigosas e impeditivas da construção da alegria, serenidade, sapiência, paciência, tolerância e respeito ao outro.

Sabendo que esse quadro insustentável incomoda, indigna impede intera e ate nos impele a mudanças porque ainda não temos a disciplina, coragem, determinação, objetividade e espírito coletivo rumo à uma cidadania sustentável, equilibrada, civilizada, prazerosa, solidária e digna da condição divina com filhos de Deus, que somos na origem?

Mentira, poder, ódio, preguiça, gula, ganância, lucro fácil, òsio, vida boa, e um sem numero de expressões correlatas à política capitalista,m consumidora e sem sentido pleno de existência, alimentam essa cadeia perversa. Educação, conhecimento, socialização do saber e o amor são instrumentos poderosos para o desenvolvimento para a cultura de paz.

As recentes catástrofes como tsunanys, tufões, furacoes, tornados, incêndios florestais e enchentes, aliados a barbari e a banalização da violência e da falta de ética são um alerta para a urgente e necessária arrumação da nossa grande casa o planeta terra.



Política e Água – Cuidado!

Dona Maria, lá da comunidade quilombola de Tijuaçu, de tanto andar com a lata dágua na cabeça aprendeu, no caminho dessa labuta, a sambar na roda. O samba de Lata de Tijuaçu tem suas origens nessa via crucis diária à procura de água, muito longe de casa. Lá na Unesco de Paris, no ano de 2002, quando recebeu o Dossiê sobre o Rio São Francisco, o então embaixador, José Israel Vargas, me disse, na oportunidade, falando sobre o valor social da água, com projeções de que o precioso e vital líquido ficará mais cara do que o petróleo. “Só não pode ficar mais caro do que cerveja” E já está, em alguns lugares. Lembram que antes acordávamos com o “Olhe o gás”. E hoje, além do gás, temos outras vozes gritando “Olha a água aí, promoção de R$ 3,00 ”.

Vemos, a todos os instantes, pessoas que ainda andam muito distantes da necessidade de se ver a água como um bem escasso, precioso, limitado e que requer muitos cuidados para a garantia da vida. Essa semana o governador Paulo Souto abriu as torneiras para algumas cidades na região de Juazeiro e festejou os gastos do governo para um direito que já deveria estar garantido, há séculos, sem que muita gente tivesse morrido de sede, ou de doenças provocadas pela contaminação ou mesmo falta de tratamento adequado da água como condição primária para a sobrevivência digna da população.

O Programa Sem Fronteiras recentemente fez uma matéria especial alertando sobre os perigos que rondam o Planeta Terra, sobre a ação perversa do Homem, diante de estragos ambientalmente irrecuperáveis ao longo da história. As crianças têm mostrado sensibilidade para adotar comportamentos diferentes em relação ao descaso, ao descuido dos Homens com água, que ainda lavam carro com água tratada, escovam os dentes com as torneiras abertas, se ensaboam no banheiro com o chuveiro jorrando, quanto cantarolam besteiras. 
Meu amigo Wellington Ribeiro, jornalista sensível às causas ambientais, me diz que não é à toa que os Estados Unidos Unidos estão montando uma base militar no Paraguai, nas proximidades de uma das maiores reservas de água do sul da América do Sul, o Aquífero Guarany, deixando as Forças Armadas do Brasil, Argentina,Uruguai e demais países da região, em situação politicamente desconfortável. Isso são sinais que a água, como o petróleo hoje, será motivo de muita briga, para a garantia da vida, numa disputa que já presenciamos hoje em lugares como África, Índia e Nordeste do Brasil.


Consumo Sustentável até Resistência e Fé - Artigos antigos


Consumo sustentável

Começa a ser difundido, principalmente nos países europeus, algumas
campanhas para o consumo consciente, cuja política de produção da cadeia que alimenta o mercado, leve em consideração ações de responsabilidade social com a preservação da grande matriz energética chamada Natureza.

Os teóricos do capitalismo americano criticam o atual modelo de consumo
desenfreado, irracional, que alimentador da concentração de renda mundial, onde poucos, menos que 20 vinte por cento da população mundial, tem muito, tudo: iates, aviões, mansões e contas gordas, e, por outro lado, muitíssimos outros, cerca de 80 por cento da população total do planeta, a exemeplo da maioria dos brasileiros, que vive sem perspectivas, na dor, na exclusão, na falta de tudo, menos fé e esperança, sentimentos típicos do desespero.
É inadmissível saber que uma família brasileira, que tenta sobreviver com um salário mínimo possa desenvolver a prática consumista de comprar um jeans ou um tênis de marca, caro, além das possibilidades reais de compra porque a TV ou os colegas do bairro, da escola ou da vizinhança, incutiram isso em suas cabeças.
A filosofia dos índios, por exemplo, que faz parte das nossas origens, mas
que não são valorizadas como cultura atual, é de práticas sustentáveis,
porque o índio só tira da terra aquilo que ele realmente necessita para
sobreviver e está sempre cuidando, repondo, preservando o ambiente que ele saber ser importante para garantia de vida do seu povo.
A emissão de selos ou certidões para produtos sustentáveis deveria ser uma política forte entre os órgãos de defesa do consumidor, das Ongs e das áreas de Educação. Se, ao invés de estimularmos as campanhas de adesão ao consumismo desenfreado, irracional, desenvolvido pelos shoppings centers, em épocas como natal, Dia das Mães, das Crianças, dos Pais, etc, para alimentar uma Economia fútil e perversa, começássemos a mostrar , a divulgar, a necessidade do consumo racional e cidadão, poderíamos, quem sabe, garantir a existência , a preservação da vida, nesse já tão degradado Planeta Terra.
Amém.


Projetos e recursos

Um crescimento da ordem de 6,23 por cento na taxa de desmatamento do pulmão do planeta, a Amazônia, com índices de 26.130 km2; ocupação humana desenfreada, com diminuição significativa da Área de Transição; Mudanças de Paisagens do Cerrado, causando desequilíbrios nos ecossistemas; entre outros, são preocupações de instituições lucrativas, como o HSBC, que recentemente divulgou um aporte de R$ 350 mil reais para distribuição em projetos de R$50 mil para instituições que trabalhem com ações nessas áreas.

A exemplo do HSBC são muitas as instituições que destinam recursos para a área de meio ambiente e são muitas também as Ongs ou iniciativas da Sociedade Civil que têm dificuldades burocráticas de acessar esses recursos para dar continuidades a trabalhos sérios, realizados apenas com o esforço cotidiano de pessoas que têm o compromisso com os projetos e as comunidades onde se inserem. É inacreditável como esse tipo de recurso acaba indo parar nas mãos de instituições que já nem precisam tanto quanto outras que ainda não têm o marketing verde para credibilizar os aportes financeiros.

Essa semana ouvir de um amigo jornalista inglês que instituições como Greenpeace tem tanto recurso para gastar e não tem projetos suficientes para aplicar ou simplesmente não aplicam tudo porque os doadores poderiam não mais doar se tivessem a transparência da disponibilidade real de caixa. Eu, que milito na área há muito tempo e não recebo doações de ninguém pedi à minha gerente do Bradesco que por favor, suspenda a minha doação que venho fazendo há anos, de R$ 12 mensal, em débito em conta, do greenpeace, porque existem instituições realmente que precisam mais e dão muito mais retorno.

Segundo informações repassadas pela REBEA o HSBC Brasil irá investir os R$ 350 mil em “projetos que promovam boas práticas ambientais aliadas a um desenvolvimento sustentável e que busquem o bem-estar e o progresso das comunidades onde serão aplicados”. Para tanto está lançando a sua primeira Seleção de Projetos Ambientais dirigida a organismos governamentais (por meio de suas Fundações), não governamentais e comunitários, legalmente constituídos no país, sem finalidades lucrativas, e que atuem no Terceiro Setor brasileiro.
A iniciativa, segundo eles, objetiva priorizar ações que visem o estudo de impacto e/ou redução de risco ambiental e fomente a sustentabilidade dos ecossistemas brasileiros.


Plantão pela Revitalização do Velho Chico

Resistência e fé na Fazendo Bela Vista, um registro histórico, em Cabrobó, realizado durante os 11 dias de greve de fome do Frei Luis Cappio, em defesa da revitalização do Rio São Francisco. È esse o tema da exposição fotográfica e de textos que a AMA – Amigos do Meio Ambiente estará realizando em diversas cidades ribeirinhas do Velho Chico.
 São cinqüenta painéis, divididos em temas como “A Ilha São Sebastião”, território de resistência dos Índios Truká; a fé e a força da família de Dona Isaura e Seu Lídio; A poeira e o rio; a seca e a agua; a alegria e a tristeza; a dor e o prazer; a fé na Igreja de São Sebastião; o bispo e o povo; a política e a miséria; o não e o sim; a transposição e a revitalização; as articulações; o poder; as costuras; o acordo, o desacordo; a paz e a guerra; a fartura e a falta; o sentimento de fé; a farsa eleitoreira; os interesses políticos; e dezenas de outros temas que circundaram os diversos interesses do momento histórico de Cabrobó, entre 26 de Setembro de 07 de outubro. Para outras profissionais até depois desse período, como os cineastas Wallace e Marcelo, da Vogal, e os ambientalistas da AMA.

No dia 20 de janeiro de 2006, o casal que recepcionou o frei Dom Luis Cappio, estará realizando a Missa na Capela São Sebastião, numa grande festa na Fazenda Bela Vista, em Cabrobó, Pernambuco. A idéia é levar para o local a exposição de diversos filmes que foram rodados no local, a exemplo da iniciativa dos vídeos makers, Wallace e Marcelo, da Vogal, que trabalham no processo de edição do vasto material colhido durante o período e o pós período da greve de fome de Dom Luis, que avançou mundo afora.

O recurso água é a grande estrela dos trabalhos. A sua relação com a vida, em cada momento do cotidiano das pessoas, sejam índios, ribeirinhos, pequenos, médios e grandes agricultores, estão no olhar atento, sensível e preocupado dos profissionais que dormiram com ratos e baratas do lado, comendo poeira, literalmente, tomando água barrenta, suja dos sedentos banhos da garotada que quer se divertir, se banhar e aprende a construir, devagarinho, o valor da preservação, do cuidado, somados à presença impar e guerreira do povo truká, sua vizinhança e parentescos.

Paralelamente à exposição fotográfica a AMA pretende levar informações que linkem com as fotos para reforçar a proposta de revitalização urgente do Velho Chico. Palestras, oficinas, mesas-redondas, bate-papos, mutirões de limpeza, construção do site “guardiões dos rios” , entre diversas outras ações fazem parte do projeto “ Por um Rio Mais Limpo”, coordenado pela AMA e aberto à construção de parcerias com pessoas ou instituições que realmente estejam no “Plantão pela Revitalização do Rios”. Cidades como Juazeiro, Petrolina, Cabrobó, Barreiras, Barra, Xique-Xique e centenas de outras, estão na agenda da AMA para o contato com as comunidades ribeirinhas em defesa do Velho Chico.


Coletivos de educadores e recursos

Muitas pessoas vem trabalhando, sem recursos, isoladas, sem apoio, gastando o que não têm, se dando de forma inteira, deixando família, trabalho e outros projetos, em nome da defesa do meio ambiente, de forma purta, bem intencionada e verdadeiramente suada. As ações de educação ambiental em comunidades tem crescido muito, nos últimos anos. O voluntariado nessa área tem sido estimulante para a continuidade de trabalhos que trazem bons resultados, como a mudança de comportamento simples, como jogar ou não jogar pontas de cigarros, papel de balas, chicletes e outras embalagens, no chão. Talvez, quem sabe, quem dera, pensando nisso e para compensar essas atitudes estão abertas inscrições para um edital de formação de coletivos de educadores ambientais.

De forma abertaa, em rede e com o intuito nobre de juntar pessoas e projetos rumo a um coletivo de educação ambiental em todo o país, o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), vai liberar R$ 2,9 milhões para financiamento de projetos para estruturação e fortalecimento de Coletivos de Educadores para Territórios Sustentáveis. As propostas devem ser entregues no protocolo do FNMA ou enviadas pelo correio até o dia quatro de novembro. A data limite para recebimento das correspondências é nove de novembro.

Podem se candidatar ao financiamento, instituições do campo sócio-ambiental que desenvolvem processos formativos em Educação Ambiental, Educação Popular e Mobilização Social e prefeituras de municípios com população entre 30 mil e 250 mil habitantes. As prefeituras com número de habitantes inferior ao estabelecido pelo edital também poderão concorrer por meio de consórcio com outros municípios. Conforme informações de Marcos Sorrentino, diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, o Edital é um importante instrumento de materialização da política pública de educação ambiental que o Órgão Gestor está implantando no país.

Sorrentino destaca, em texto circulando na Rebea – Rede Brasileira de Educadores Ambientais, que o empoderamento das iniciativas locais de educação ambiental passa pelo estímulo ao diálogo entre ações pulverizadas de boa qualidade, porém muitas vezes de baixo impacto ambiental. Para promover um diálogo entre o governo federal e os possíveis proponentes, foi realizada uma reunião virtual sobre o Edital 5/2005, dia 21 de outubro. Os interessados já podem entrar no site http://adi.proinfo.mec.gov.br e acessar a pagina da 2a Oficina do Edital para constituição de Coletivos Educadores, que está recebendo perguntas prévias.


O balanço da Terra

O mundo está em balanço. Com esta frase dona Isaura, índia Truká, lá da Ilha da Assunção, em Cabrobó, fez uma síntese da sua observação sobre o Planeta. Dona Isaura não sabe nem assinar o nome, mas tem uma sabedoria que bem poderia ser partilhada mundo afora, principalmente com aquele que acham que são os donos do mundo, da verdade, dos destinos do povo, do poder. Dona Isaura mora numa pequena casa, onde ao fundo ainda tem o Rio São Francisco, agonizando, mas resistindo. Ela participou, mais ativa ou tanto quanto o Frei Dom Luiz Cappio, do movimento em defesa da revitalização do Velho Chico. 
Às águas boas estão sumindo, o calor está aumentando, as pessoas ainda estão morrendo de fome, sede e doenças que bem já não poderiam estar entre nós, diante dos avanços da ciência em benefício da qualidade de vida no planeta. Mas, com disse dona Isaura, o mundo está em balanço e um balanço não harmonioso, revoltoso, perigoso, violento, como se estivesse dando respostas a tanta insensibilidade.

Conforme informações de estudiosos da meteorologia a t emperatura da Terra é a mais quente dos últimos dois mil anos e dados de sete mil estações meteorológicas instaladas em diversas partes do planeta indicam agravamento dramático do efeito estufa. Segundo os estudos da NASA há previsão de um calor recorde ainda em neste ano de 2005. Nos últimos cem anos houve um aumento de 0,7 graus em todo globo terrestre e na última década foram registrados três recordes históricos de ano mais quente. O que está acontecendo é muito preocupante , mas, apesar dos cientistas associarem esses fenômenos à ação humana, diante do desequilíbrio entre o que se necessita consumir e o que se tira da terra e se consome em demasia, a Economia, a Política e os defensores do capitalismo parecem ignorar o futuro e se mostram, cada dia mais, absortos em atender demandas imediatas.

Alguns ambientalistas brasileiros começaram a desenhar, recentemente, via rede de educomunicação, um grande movimento nacional contra a política perversa do Governo Lula, diante da insensibilidade e falta de compromisso com questões ambientais vitais como a água, as florestas e o ar. As toneladas de gases que sobem céu acima, todos os dias, nos diversos cantos do Planeta ainda não tiveram seus efeitos perceptíveis aos insensíveis olhos, e pulmões de humanos que mais parecem máquinas que gente. 
Está provada a necessidade de mudança de comportamentos que possam reverter esses efeitos. Como disse um climatologista: "Os gases estão ligados à maneira moderna de viver. Dá para reduzir o aquecimento, mas é preciso cortes profundos de cerca de 60% da emissão de gases para estancar o problema". O reflorestamento é uma maneira efetiva de reduzir o efeito estufa, mas produz resultado pequeno e funciona apenas como um paliativo. O desmatamento e as queimadas das florestas tropicais são responsáveis por 20% das emissões em relação à queima de combustíveis fósseis.

Até quando vamos ficar inertes, aceitando tudo o que acontece lá fora achando que seremos inatingíveis? Precisamos olhar o nosso planeta como nossa casa, perto e necessária para a nossa sobrevivência com qualidade de vida.Amém.


Repor é o lema, transpor é o problema

Robson, da tribo Tumbalalá, assim como Roberto, Socorro, Wanderlino, dona Dete irmã de dona Isaura, mulher de seu Lídio, índios que contribuíram para o não à transposição das águas do Velho Chico, eles, todos eles, usam adubos químicos nas suas pequenas plantações à beira do rio. Robson diz que usa porque o seu vizinho também usa e se ele não usar a praga se espalha por toda a sua lavoura. Alternativas para uma agricultura familiar orgânica devem estar contidas nas propostas do Movimento “Revitalização sim, transposição não” para a sustentabilidade alimentar dos ribeirinhos.

Engana-se quem pensa que o Rio São Francisco tem muita água e água de qualidade para a garantia de vidas. Os índios ribeirinhos das tribos que apoiaram a greve de fome do Frei Luis Cappio são um exemplo mais próximo dos problemas de saúde que têm em função das conseqüências geradas pelo mal uso das águas; seja através de barragens, do uso para a agroindústria em larga escala para garantir a pauta de exportação brasileira e dar bons indicadores econômicos para o governo Lula; seja para beber, cozinhar, ou seja lá mesmo para até, somente, tomar banho e lavar pratos.
 As águas do rio São Francisco, como o seu povo, carece de muito cuidado, cuidados pequenos, em cada lugar onde elas são usados, seja no fundo de uma roça de um índio ribeirinho, seja para a geração de energia para estados do Nordeste, seja para encher o pote de dona Isaura e sua grande e sedenta família. A Terra já está cansada de tanta exploração. Como ser vivo responsável por todos as nossas vidas o “planeta água” está avisando sobre os seus limites.

A insensatez e insensibilidade dos governantes para um olhar mais cuidadoso sobre os nossos recursos naturais, como a água, vem matando muita gente nesse vicioso ciclo do consumo imposto por um sistema econômico baseado na exploração da matriz energética sem dar as devidas contrapartidas de conservação. O Rio São Francisco não agüenta mais tanto esgoto, tanto plástico, produtos químicos, lixo e a irresponsabilidade de usuários inconscientes sobre a importância da água como garantia de vida.

O exemplo de resistência e fé que vivemos durante 11 dias, na Capela de São Sebastião, na Fazenda Bela Vista, em Cabrobó, Pernambuco, não pode ser ignorado para ser repetido e escandalizado como o foi, em todo o mundo, a semana passada, porque como disse o ambientalista, Thiago Porto, morador da localidade de Tanquinho, representante da região Setentrional da Chapada Diamantina no grande fato histórico contra a Transposição: “ Repor é o lema, transpor é o problema”. 
Ele não entende porque depois de tantos anos de discussão o governo ainda quer tempo para fazer a população engolir um projeto que todos já sabem: continuarão beneficiando somente os grandes produtores e não os pequenos agricultores da caatinga. Porque os índios e ribeirinhos, de forma geral, sabem o valor do rio, sabem o que já perderam, citando, por exemplo, um a um, os nomes de peixes que hoje já não se pesca, o nome de bichos que já desapareceram, de árvores que foram derrubadas, enfraquecendo a diversidade da caatinga e toda uma riqueza natural que lhes garantia um equilíbrio entre suas necessidades e o que a natureza podia lhe oferecer sem reclamar.

Os índios trukas, tumbalalas e as populações ribeirinhas, apoiando por ambientalistas, jornalistas, escritores, poetas, músicos, cineastas, atores e populações organizadas pela Igreja ou pelos movimentos sociais, estão de plantão para acompanhar o compromisso do presidente Lula em não realizar a transposição antes da revitalização. Que os R$ 350 milhões por ano, durante 20 anos, anunciados pela equipe do governo para as obras de recuperação, saneamento e outras obras para a revitalização das águas do rio possam, realmente, serem aplicadas e de forma correta, séria e honrada, como é o povo que pudemos conhecer de perto, durante, vários dias. Amém.


Resistência e fé na Capela São Sebastião

Independentemente do resultado do posicionamento público do presidente Lula, o movimento de protesto contra o Projeto de Transposição do Rio São Francisco, desencadeado pelo frei dom Luis Cappio, bispo da Diocese de Barra, Bahia, em greve de fome desde o dia 26 de setembro, balançou a sociedade brasileira e mundial sobre a importância das águas do Rio São Francisco para o povo, principalmente para as comunidades pobres, ribeirinhas. 
O exemplo de fé, coragem e doação de dom Luis teve amparo na Fazenda Bela Vista, de propriedade da família de seu Lídio e dona Isaura. A Capela de São Sebastião, construída tijolo por tijolo, por cada um dos irmãos, filhos, netos, cunhados e amigos desse casal guerreiro e de fé inabalável, abrigou um homem de coração e mente tão fortes que faz despertar a curiosidade das ciências biológicas para uma resistência inexplicável.

As caravanas, procissões, romarias, com mães e suas crianças no colo, senhoras e senhores idosos e doentes, com problemas sérios de locomoção, usando bastões, cadeiras de rodas, ou apoiando-se nos ombros dos mais fortes, além de políticos dos mais diversos partidos e estados brasileiros, artistas, ambientalistas, jornalistas, jovens e religiosos, católicos ou não, chegam, a todo o momento, para prestar solidariedade ao gesto corajoso de dom Luis, fortalecendo ainda mais sua luta e fé na preservação do Velho Chico, como patrimônio rico e diverso, mas cansado, explorado e usado pelos ricos para se enriquecerem ainda mais.

Dom Luis é um homem com espírito e alma impar. A carta do deputado federal Edson Duarte- PV, dirigida ao presidente Lula e encaminhada aos quatro cantos do mundo, através do Greenpeace, da AMA- Amigos do Meio Ambiente, e outras Ongs ambientais e lida, pessoalmente, aos pés de dom Luis, na sexta-feira passada, fez o santo homem chorar, como há muito não fazia, segundo os seus familiares. Que as lágrimas de dom Luis não sejam em vão e que possam, definitiva e urgentemente, enquanto ele ainda resiste, tocar o coração de um homem que hoje, dia de São Francisco, dia do aniversário do rio e dia do aniversário de dom Luis, passou a ser o único responsável pela continuidade de sua vida ou pela sua morte em nome do rio e do povo.

“Caro Lula, eu entendo sua dificuldade humana e política de, agora, desfazer compromissos e promessas, mudar de rumo. A gente sabe que a política é uma máquina cruel e poderosa, na maioria das vezes, mais poderosa que a gente. Ela costuma decidir por nós. E quanto maior o cargo, o poder, mais difícil é rever o rumo, mas, em nome de tudo que lhe é mais sagrado, de mais humano, peço, faça alguma coisa. Não permita que morra esse homem tão bom, este sertanejo por opção.” O destaque da carta do deputado Edson Duarte, homem e parlamentar que conhece bem dom Luis, sua luta e também o sofrimento do povo ribeirinho, é um alerta, sr presidente, para que o sr não deixe que seu povo, nordestino como o senhor, perca o orgulho que um dia eles tiveram ao colocá-lo como representante maior pela defesa e luta de seus direitos. Na presidência de um país cuja esperança de construção de uma nação mais justa, equilibrada, sustentável e de muito amor pelo outro, o irmão, sofredor e lutador o senhor poderia salvar o seu tão desgastado PT to, aceitando esse presente dado por um homem que votou e fez campanha para o sr.

A lentidão da sua resposta aos anseios do povo como a Revitalização Sim e Transposição Não, está levando o seu governo a problemas que poderão ser mais difíceis de solução do que a revitalização urgente do Velho Chico. É inconcebível, irracional e insensato deixar a indignação multiplicar-se velozmente, nas cabeças desse povo guerreiro, que é o nordestino., e que não pára de sair dos mais diversos lugares para vir dar o seu apoio aqui, em Cabrobó, local escolhido pelo sr para dar a arrancada inicial do projeto de transposição. O Povo espera urgente este presente para hoje, um grande e simbólico dia para o sr dizer não à transposição.Amém.