Sunday, September 21, 2014

PROTAGONISMO POLITICO FEMININO EM ALTA NO BRASIL

PROTAGONISMO POLITICO FEMININO EM ALTA, NA BAHIA, NO BRASIL
Por Liliana Peixinho*
A luta da mulher pela conquista de espaço, reconhecimento, direitos e inserção social, acompanha o próprio desenvolvimento humano. Muito se conquistou, com certeza, com sangue, suor e lágrimas. Mídia, movimentos sociais, coletivos de trabalhadoras e a própria instituição familiar, estão por ai a destacar a luta da mulher como pessoa, ser humano, mãe, trabalhadora, amiga e os mais diversos e infinitos papéis que a mulher sempre esteve, está e estará fadada a desempenhar na construção de novas civilizações. Socializar essa discussão com ações cotidianas, focar desafios, propor mudanças, rumo a nova cultura de hábitos, é uma pauta velha na luta pela preservação da Vida. Agora, estamos a melhorar esse perfil, no empoderamento politico da mulher.
Se as conquistas femininas, por um lado, nos enobrece, aumenta a nossa auto-estima, nos honra e nos orgulha, paradoxalmente, está a nos entristecer, fazer pensar, repensar, ponderar, porque essas conquistas deveriam nos fazer mais felizes, menos estressadas, mais harmoniosas e menos exploradas. E isso não está acontecendo proporcionalmente às nossas conquistas históricas. Ainda somos minoria no parlamento, ainda ganhamos muito menos que os homens, fazendo as mesma funções, temos jornadas múltiplas, com acúmulo de tarefas, ainda não nos reconhecemos para nos elegermos para defender o nosso próprio protagonismo na luta por direitos. E isso é um contrasenso indignante.
É inegável o reconhecimento da participação feminina nos mais diversos ambientes de produção. A mulher se destaca como produtora do conhecimento, difusora de informações, gestora de conflitos, executora de ações verdadeiramente sustentáveis dentro das Cadeias Produtivas, de ponta à ponta, seja no lar, no trabalho, na escola, na família, na comunidade, na política, na economia. Enfim, o olhar, o fazer, o cuidado feminino, é instrumento revolucionário para a construção do novo paradigma do equilíbrio entre as necessidades de consumo e a preservação de matrizes energéticas limpas.
Marina Silva, Lídice da Mata e Eliana Calmon, além de muitas guerreiras Bahia e Brasil afora, muito nos honra pelo atual protagonismo político. Exemplo de mulheres que estão na luta pela conquista de novos degraus, no mais alto grau da representação política de um estado, de um país. São oportunidades que nós, mulheres, e/ou, homens com sensibilidade em alma feminina, temos agora, nesse processo eleitoral inédito, para reconhecermos, de fato, esse protagonismo feminino histórico.
É importante nos apoderarmos de informações claras e diversas para analisarmos demandas históricas reprimidas no campo político eleitoral. Estarmos atentos a valores e projetos de sociedade que contextualizem a vida de forma profunda, sem faz de conta, para ganhos sociais, há muito desejados e negados. Precisamos perseguir uma nova visão integrada, holístíca, multifacetada, atenta à necessidade de construção de cadeias produtivas alinhadas às novas necessidades de um planeta sedento de cuidados com a Vida.
Planejamento, atitude, luta, aplicação de políticas para o desenvolvimento humano sustentável, com equidade, justiça social e equilíbrio ambiental, são fases importantes para qualquer ação no presente e garantia do futuro. Precisamos colocar em prática atitudes de mudança no consumo, em nome da preservação da vida.
Desde 2001 desenvolvo, por iniciativa própria, no movimento que criei, AMA- Amigos do Meio Ambiente, a campanha DESPERDICIO ZERO em alimentos, água e energia, principalmente. Passados  mais de 14 anos, com trabalhos diários aqui e ali, Bahia adentro, Nordeste e Brasil afora, gastando o que não tenho para defender o que acredito, ainda sinto muita resistência, no próprio universo feminino, contra a mudança de comportamentos sobre consumo, por exemplo, de coisas que mais escravizam, que libertam. Precisamos estar atentas entre a essência e a aparência.
Visito faculdades, empresas, instituições, coletivos diversos, que têm projetos ditos “sustentáveis”, mas que não passam das idéias. O desafio é para fazer, de fato, lutar pela garantia da vida com qualidade, prazer, alegria, desejo de querer realizar, não porque alguém nos manda, ordena, impõe, sugere, sinaliza. Mas, porque sabemos ser necessário, importante, para fortalecer o papel de cada um, em casa, no trabalho, na escola, no lazer, como pessoa, cidadã, esposa, namorada, mãe, tia, avó….. Oportunidades que estão diretamente linkadas com a necessidade de mudança de comportamento para novas atitudes sobre Consumo Consciente, Comércio Justo, Produto Limpo, Desperdício Zero, Cultura dos vários Rs – Repensar, Racionalizar, Reduzir, Reaproveitar, Recriar, Reinventar, Reciclar, Revolucionar, através da participação social proativa, voltada para uma Economia Circular, dinâmica, sem desperdícios, com aproveitamento integral, total, de tudo. Com resíduos na perspectiva do zero, zero mesmo, porque com a Politica do cuidado, tudo se renova, em ciclos outros, de vida.
Mais do que entender os efeitos negativos provocados pelo faz de conta que faz, faz de conta que vive, em meio aos desafios de adaptação às mudanças climáticas, catástrofes, sociedade estressada, doente, escravizada em trabalho de valor capital, está faltando ao Ser humano entender, interiorizar, absorver, no coração, alma e cérebro, que a felicidade em Ser pode estar na busca do encontro com o outro. Respeito, solidariedade, gentileza, coragem, sinceridade, compromisso com a palavra, são valores a se resgatar, urgente, para enobrecer a vida.
E, para caminhar nessa direção precisamos identificar, com ética e leveza no ser, quem está a favor, ou contra, a garantia desses direitos. Abrir mão de comportamentos egoístas, imediatistas, superficiais e meramente repetitivos, convencionais, para transgredir, subverter, quebrar regras, inovar, ousar, sonhar para fazer, de fato, em nome da dinâmica natural das leis do Universo, com renovação, invenção, criatividade, compromisso e prazer em valorizar a vida, como merecemos.
* Liliana Peixinho- Jornalista, ativista, fundadora da Reaja- Rede de Jornalismo Ativista, Movimento AMA-Amigos do Meio Ambiente, RAMA - Rede de Articulação e Mobilização em Comunicação e Meio Ambiente, Midia Orgânica, Catadora de Sonhos. ( Espaços diariamente alimentados sem recursos financeirose, e com muita entrega d'alma em compromiso com a vida)
Especialização Jornalismo Científico e Tecnológico - UFBa, MBA em Hotelaria e Turismo.
Foco de Pesquisas em campo aberto - Proativismo jornalístico socioambiental x Discurso marketeiro Insustentável
Escrevi esse artigo em 2010, inspirada em Marina Silva e Dilma Roussef e reeeditado, agora, com outras guerreiras políticas inspiradoras como Lídice da Mata e Eliana Calmon.

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