Tuesday, September 23, 2014

Artigos antigos, recuperados


O petróleo e o recursos naturais

A decisão corajosa, radical e de compromisso com o eleitorado do presidente Evo Morales, da Bolívia, ao anunciar para o mundo a nacionalização dos recursos naturais do seu país, pegou o Brasil e diversos outros países dependentes das reservas dos hidrocarbonetos bolivianos, de surpresa, ou calça-curtas, como preferiu classificar alguns. Ingenuidade, imaturidade política e diplomática, comodidade e falta de preparo do governo brasileiro achar que acordos políticos mal costurados podem se perpetuar incondicionalmente. O fato é o índio boliviano está defendendo a nacionalização das riquezas do país em nome de compromissos com a base da pirâmide que está mais abaixo, na escala de poder aquisitivo, e mais acima, nas montanhas, nos Andes, onde resiste a cultura de um povo historicamente massacrado em seus direitos e que vê em Morales, a esperança de poder garantir o acesso à riqueza, não através da exploração do capital estrangeiro, instalado naquele país de forma ilegal e sem compromisso com a preservação do meio ambiente.

Como bom índio Morales vem proliferando esse discurso da defesa das reservais naturais e como político astuto, rápido e com vontade de se mostrar ele vem costurando alianças que rompem e balançam a tão desejada liderança do presidente Lula no Cone Sul. A criação da Alba como oposição ao grupo liderado pelo Brasil e que integra também a Argentina é o começo de uma grande cisão no começo do que poderia estar se esperando do fortalecimento político das esquerdas na América Latina. Essa fragilidade e falta de coesão política dos governos dos países da América do Sul deverá ter conseqüências econômicas na cadeia de produção de insumos como o petróleo. E o alerta, por outro lado, de que o Brasil ou qualquer outro país do mundo, não podem continuar da dependência do petróleo e gás para a geração de energia e todo os sub-produtos dela resultantes.

A decisão radical de Morales pode ser um alerta de que como bom índio, e preocupado com a Mãe Terra, de onde saem o ar, a água, terra e o fogo para a geração de todas as formas de energia, o Planeta e os seus dirigentes regionais, precisam e devem, urgentemente, se preocupar e colocar como prioridade a geração de novas formas de energia. Um país altamente biodiverso como é o Brasil não precisa chegar ao fundo do poço no esgotamento de recursos naturais, como é a Alemanha, por exemplo, para começar a desenvolver uma política responsável e urgente para a geração de novas formas de energia, seja a partir dos ventos, das águas, das plantas, bioenergia e de outras formas em estudos nos laboratórios e até quintais de gente sábia, espalhada por esse Brasil afora.

Que a Petrobrás, que tanto acreditou em Morales, e na sua soberania como empresa de grandes investimentos na Bolívia, não possa se dar ao luxo de deixar para depois questões realmente urgentes, como é a das reservas energéticas para um país que precisa trabalhar e gerar renda, como é o Brasil, e também a pobre e esquecida Bolívia.


Moradia e Degradação

“A terra é um paraíso e o homem inventou de fazer um inferno daqui”. A frase, dita por Tom Jobim, foi um desabafo de um morador da cidade do Rio de Janeiro onde acontece um dos mais evidentes processos de ocupação desordenada de áreas urbanas. A falta de planejamento, políticas de sustentação do homem no campo, implementação efetiva da prometida reforma agrária, o aumento da especulação imobiliária e a propaganda enganosa de que nos grandes centros estão novas oportunidades de trabalho, são fatores que vem contribuindo para fenômenos como insegurança, tráfico de drogas, falta de saneamento básico e inchaço urbano, num ciclo de exclusão, incontrolável, a curto prazo.

A ocupação de encostas e áreas de proteção ambiental, onde a presença da natureza ainda não foi destruída pela “civilização da fumaça” têm sido alvo de famílias vítimas do êxodo rural. Essa ocupação desordenada desencadeia uma série de problemas ambientais como a queda de árvores centenárias e nativas da mata atlântica, desestruturação de ecossistemas importantes para a garantia da qualidade de vida, e outras estruturas naturais essenciais para a construção da cidadania.

Em épocas de chuvas, nas grandes cidades brasileiras, observa-se que os sobreviventes das tragédias continuam sua via crucis para a garantia da tão sonhada moradia digna. Os resíduos sólidos e líquidos despejados ruas abaixo se constituem como os grandes inimigos de ambientes limpos. Esse quadro constante nas manchetes e jornais bem que já poderia ser evitado através da divulgação de informações que mobilizem cada morador, cada estabelecimento comercial, cada cidadão, para a prática de ações como a coleta seletiva em suas próprias habitações. Isso substituiria a atual e criminosa cultura de se colocar o “lixo” nas ruas, nas portas das casas, misturados nos conteiners, sujando o que poderia ser reutilizado, contribuindo para os graves problemas da saúde pública, que leva milhões de reais dos recursos advindo das contribuições de taxas e impostos pagos pela própria população.

Se o governo tivesse como prioridade política uma solução para os graves problemas sociais, como o do inchaço urbano e suas infindáveis consequências, apoiando projetos de agricultura familiar, de distribuição de terras e incentivo a culturas tradicionais das cidades do interior, poderíamos hoje vislumbrar o início de um Brasil cuja riqueza pudesse estar contribuindo para o equilíbrio das relações interpessoais. Num país onde a cultura indígena foi o começo de tudo e quase que a exterminamos, ainda não aprendemos a sábia forma de viver dos índios, que só tira da terra aquilo que realmente necessita, em nome da preservação da Mãe Terra. Amém.


Alternativas alimentares

Você já experimentou uma moqueca de bago de jaca.? E um doce de casca de banana? Imagina a delícia que é um suco da casca do abacaxi,. E para quem gosta de trigo, já pensou em fazer um bolo de pão velho, ou das sobras de cuscuz, com os mesmos ingredientes de um bolo comum, acrescido do talento para reaproveitar, não desperdiçar, inventar ? É a uma nova cultura que começa a tomar rumo para o “Desperdício Zero, Lixo Zero”, através da agregação de valores como racionalidade, criatividade, e desenvolvimento das potencialidades como forma de enfretamento a problemas sérios como fome, miséria, exclusão e falta de cidadania. Bom seria que essas receitas de bravura pudessem se alastrar Brasil e mundo afora. Esta semana visitei um projeto que dá esperanças para uma nova forma de olhar, integrar e se adaptar às exigências da Natureza para a harmonia do Planeta.

O exemplo vem do setor sócio-ambiental da CLN, na estrada do Coco, Litoral Norte da Bahia, e está começando a despertar a atenção de outras empresas, interessadas em multiplicar políticas de ações sustentáveis em áreas de comunidades de baixa renda. O que fez a assistente social da empresa? Em suas andanças, visitas e atendimentos a solicitações de associações de bairros, moradores, escolas, famílias e organizações do terceiro setor, no entorno da estrada do Coco, a profissional, percebendo a carência e os desafios para o enfretamento da pobreza potencializou, politicamente, aquela demanda no Projeto Alternativas Alimentares e Agricultura Orgânica, cujo objetivo é promover a alimentação saudável, com uma dieta nutritiva e de baixo custo, com aproveitamento integral dos alimentos que vem, muitas vezes, dos próprios quintais das comunidades beneficiadas.

Essa riqueza natural dos quintais e áreas públicas, privadas ou reconhecidas como biodiversas, existentes ao longo do Litoral Norte, ainda não tinham sido percebidas pelas comunidades como a grande fonte de geração de pratos alternativos, novos e de alto valor protéico quando aproveitados integralmente, incluindo aí cascas, caroços, folhas, talos, raízes, e outras partes de frutas, legumes e hortaliças e tubérculos que, habitualmente, iam parar no lixo, erradamente, alimentando o desperdício e os sérios problemas da falta de saneamento. Dos ricos e diversos quintais de famílias pobres, surgiram idéias inovadoras, com mudanças de hábitos em relação ao uso e manuseio de frutas, legumes, hortaliças e um sem número de produtos alimentícios que estavam sendo desperdiçados, mal utilizados, jogados fora e até esquecidos pelos moradores.

O projeto de Alternativa Alimentar é simples de ser aplicado e exige apenas dois importantes ingredientes, a responsabilidade sócio-ambiental de uma empresa com a vontade de ajudar a comunidade onde atua, e a mobilização das comunidades necessitadas de apoios. Essa receita está fazendo sucesso na Ba 099- Estrada do Coco, litoral Norte da Bahia. Fome é coisa do passado, de gente que ainda não descobriu como é fácil, simples, barato e transformador participar de projetos como o “Alternativa Alimentar”, cuja base é a criatividade da própria comunidade, que, a cada novo curso, aparece com novos pratos, criando uma nova receita, deliciosa, nutritiva e barata, gerada da própria diversidade de legumes, hortaliças, frutas e plantas que a natureza local lhes oferecem.

E, se um local, uma comunidade, uma área de moradores, ainda não tem essa riqueza, começa a plantar, como outros já estão fazendo, para gerar e agregar valor. Aí começa um outro projeto de apoio ao da Alternativa Alimentar, que o Projeto da Agricultura Orgânica. Entre seus princípios está a alimentação saudável, com alto valor protéico e de baixo custo, para a garantia das geração do presente e do futuro. É a introdução de uma nova forma de se alimentar, de viver com qualidade, de potencializar as riquezas naturais e multiplicar isso com os filhos, vizinhos e localidades da região, rumo à construção de uma rota sustentável, um caminho livre para a cidadania, uma via carregada de coragem, uma estrada cheia de oportunidades e que, além de segurança oferece oportunidades para potencializar a riqueza que ali está e que só precisa ser usada de forma racional, cuidadosa, integrada, como pressupõe os princípios do novo paradigma da sustentabilidade: usar sem abusar, sem degradar, preservando, equilibrando e garantindo a sustentação para o outro, para as futuras gerações.


Cultura de reutilização

Se o Brasil levasse a sério a Campanha do Desperdício Zero, rumo ao lixo Zero, que requer, sobretudo e unicamente, mudanças de comportamentos, os ganhos econômicos, culturais, de saneamento e de saúde, só para começar, formariam elementos para uma revolução ambiental. Assistindo, esta semana, na TV Escola, Canal Fechado, um programa sobre as atividades diárias de crianças em países como Alemanha, França , Canadá e até de lugares como Uganda, na África, ouvimos depoimentos de crianças e adolescentes, de diversas classes sociais, que usam sucatas, restos de papel, sacos plásticos, pedaços de madeiras e uma infinidade de materiais que normalmente iriam formar o velho lixo, sendo transformados em lindos e criativos brinquedos. Além de incentivar a criatividade, ocupar o tempo com arte, sentir orgulho do resultado do trabalho e se divertir, a criança pôde desenvolver a auto-estima e a cidadania, contribuindo para a preservação do meio ambiente.

Quer fazer um teste de como está o nosso subdesenvolvimento em relação a atitudes como as descritas acima. Peque o lixo de sua casa. Tente separar o que está formando aquele saco sujo, fedorento, cheio, transbordando pelos furos, sendo um prato cheio para os cachorros e ratos que o aguardam no contêiner lá da rua, ou, se não tiver o contêiner, o chão mesmo, como é a prática mais constante. Mas, vamos fazer um esforço enorme, botar um pedaço de pano no nariz e vamos abrir o saco. Com certeza aquele lixo, do dia da semana ou até da quinzena, como costumam acumular muitas casas, vai conter, pelos menos, cinco ou seis tipos de materiais diferentes. Que tal arriscar assim: uma garrafa pet, umas caixas de papelão, embalagens plásticas de alimentos secos tipo: bolacha, pão, embalagens plásticas meios úmidas, tipo sacos de carne, presunto, queijo. Com certeza tem ainda embalagens de ovos, um pedaço de pano sujo, que foi utilizado, na pressa, para uma limpeza do chão e depois jogou fora porque ficou com nojo, acrescente aí uns restos de comida (que não deveriam estar ali naquele saco, e muito menos ter sobrado, como restos do prato ) uns pães velhos, pilhas de rádio, de máquina fotográfica, uns cadernos e até livros rasgados, revistas, jornais, rascunhos, contas velhas de luz, telefone, quem sabe uma panela furada, uma garrafa térmica quebrada, lâmpadas queimadas e por aí se formando o nosso perigoso lixo.

Se começássemos a desenvolver a cultura da reutilização, ou seja aproveitar algo, como um vidro de maionese, para servir como porta alguma coisa, ao invés de comprarmos os tais porta alguma coisa; se devolvêssemos a idéias de alimentar a criatividade das crianças em oficinas de artes, nos bairros, em cada escola que fica ociosa num determinado turno ou que não utilizada tal sala ou tal espaço da escola, da associação de bairros, num horário diferentes das aulas, poderíamos não só agregar valor cultural e artístico para a formação de crianças e jovens cidadãs, como estaríamos contribuindo a busca do equilíbrio, da qualidade de vida, para a diminuição da violência, para a saúde público, para o passivo ambiental, que precisa de mais de 180 milhões de reais para ser resolvido e, muitos e muitos outros problemas que temos, com a falta de cultura sobre a não formação de lixo, ou seja, de reaproveitamento do que descartamos, de imediato, por pura falta de cuidado, falta de visão do todo, alimentando a cultura da preguiça, da comodidade e de outras faltas que ainda precisamos nos livrar para sermos um país civilizado, cidadão, sustentável. Amém


MUDANÇA DE HÁBITO

No Brasil, na Bahia, já existem escolas, empresas e instituições, que aderiram à idéia da coleta seletiva do lixo. Nos corredores desses espaços coletivos observamos que há vasilhames de plásticos, com as suas devidas especificações de produtos como plásticos, papel, alumínio, vidro, etc. A intenção dos idealizadores da coleta seletiva é fortalecer o novo paradigma da sustentabilidade. Mas, estamos concluindo que não adianta apenas colocar os vasilhames específicos, é necessário, paralelamente, difundir, também, o porquê da coleta seletiva. A cultura do mau hábito, ou seja, de jogar o lixo em qualquer lugar, ainda prevalece. O aluno da escola, o funcionário da empresa, não tem o cuidado de ler ou fazer a relação da cor com o produto especifico para a coleta nos vasilhames. Nessa pressa o vidro vai para o vasilhame do plástico, o orgânico vai para o de alumínio, o papelão vai para o orgânico e, continuamos sem concretizar a proposta de educação ambiental que tem na mistura do lixo um dos seus grandes problemas sociais..

Na primeira palestra de 2006 das “Quintas Ambientais” promovida pelo CRA da Bahia, o jornalista André Trigueiro revelou dados como o de que para o Brasil promover o seu saneamento básico, hoje, seriam necessários cerca de 40 bilhões de reais. Sabendo que para o saneamento é necessário, primordialmente, o controle da destinação do lixo a partir de cada casa, escola, hospital, a sociedade está sendo convidada a promover o “Pacto Doméstico para a Coleta Seletiva do Lixo” promovido pelo Movimento AMA – Amigos do Meio Ambiente.

Nesse pacto cada residência ou estabelecimento de ensino ou comércio, não só educaria a sua comunidade para fazer a coleta seletiva do seu lixo, como justificaria os ganhos sociais e econômicos que cada um teria na simples mudança de comportamento, ou seja, deixando de jogar o lixo em qualquer lugar, para, apenas, colocar no vasilhame certo, aquilo que esta indicado.

No bairro do Imbuí, no condomínio Rio das Pedras, por exemplo, o morador Adam Barreto disse que já está realizando este procedimento, que tem o apoio dos moradores. Os ganhos econômicos obtidos com a venda de latinhas, vidro, papelão e outros produtos deverão estar sendo revertidos para os benefícios e reivindicações feitas pelos próprios moradores, como jardinagem, manutenção de espaço esportivo, segurança, etc.

Em lugares como Los Angeles, nos Estados Unidos, 65% do lixo doméstico ou das empresas, já não estão mais indo para as portas e sim para a reciclagem direta nos lugares que promovem essa política. No Brasil, onde o desemprego sempre foi um grande problema social, os catadores deveriam já estar com a sua atividade regulamentada e reconhecida como um grande aliado para a sustentabilidade, agregando valor econômico e de saneamento para o bem da saúde publica.

A AMA esta fazendo parcerias com empresas de serviços fotográficos, como a Objetiva, para a doação de potinhos de filme, que estão sendo utilizados como porta-bituca de cigarros. Porque, uma bituca, mais uma bituca, no chão, são duas bitucas, e, uma bituca, menos uma bituca, é zero bituca. E essa é a meta. “LIXO ZERO”


Desafios políticos
(21/03/06)

Se o Brasil já começa a ser citado como um dos países, entre os maiores poluidores do mundo, e os Estados Unidos insiste, ainda, em na liderar a política contra a emissão de gases poluentes, porque nós ambientalistas brasileiros, não começamos uma campanha que possa favorecer o Brasil a começar essa liderança por uma causa tão polêmica e urgente? As redes de Comunicação que tão bem vem funcionando no Brasil, via internet, poderia começar a divulgar as campanhas contra o Desperdício de Água, Energia, Alimentos, Papel e outros produtos, que há quatro anos vem sendo feita, sem nenhum apoio, pelo Movimento AMA - Amigos do Meio Ambiente, em escolas, praças públicas, universidades, internet, shows, restaurantes, shoppings centers, trilhas, seminários, oficinas e diversos outros espaços.

Pelos estudos e informações que a Ciência vem divulgando o Planeta Terra não terá mais condições de suportar os efeitos do uso do petróleo. Que país melhor que o Brasil poderia liderar um movimento popular em defesa de uma política séria nos estudos para o uso de energias alternativas de fontes como o vento, o sol, o mar, as plantas específicas para esse uso?

As universidades e faculdades ligadas à área tecnológica e ambiental ainda não demonstram, ao menos publicamente, seriedade na discussão de problemas importantes como a falta de pesquisa sobre o uso eficiente de tecnologias limpas em favor da preservação da matriz energética. As empresas brasileiras, sedentas de marketing verde, também não demonstram interesse em apoiar projetos que trabalhem na perspectiva do lixo zero, do uso sustentável dos recursos naturais e ainda demonstram descaso e até preconceito com ambientalistas cuja visão transversal, multidisciplinar, integrada, holística é realmente preocupada com os efeitos da política de incentivo ao consumo exagerado e irracional capitaneada por países apressados, como os Estados Unidos.

Já vi empresário abrir a boca e dizer para educador ambiental.” Vá trabalhar, deixe de maluquice” sobre campanhas a favor da coleta seletiva do lixo. É tão inacreditável que ainda hoje, com todos os “avisos” que a Terra vem dando, pessoas que representam importantes setores de produção da sociedade ainda achem que é não é trabalho defender o meio ambiente, lutar pela preservação da vida, mostrar que a revolução ambiental está, apenas na mudança de mentalidade, de comportamento, em deixar de fazer o que é sujo, para fazer o que é limpo. É tão fácil que fica difícil. Amém.


A terra e os conflitos
(14/03/06)

Quando o presidente Lula, ainda em campanha, uma das suas principais lutas era o combate aos latifundiários, ao histórico processo brasileira da concentração da terras nas mãos de poucos em confronto com os milhões de famílias sem teto e sem terra. O Norte do Brasil, que é quase um país ou até um continente em relação a países europeus, por exemplo, sofre com a falta de política de Reforma Agrária, tão veementemente prometida pelo governo Lula, associada ao processo histórico de grilagem, assassinatos impunes e à falta de recursos para o incremento da agricultura familiar.

Temos, ainda, o perigo eminente de pessoas que queiram se envolver na luta sindical para tentar garantir direitos que já estão assegurados pela Constituição. Temos tido muitas denúncias de sindicalistas que são perseguidos pelos comerciantes, pelos donos de terra e até políticos mascarados, que usam outras pessoas para encomendam, a preços tabelados, a morte de quem luta contra a manutenção de seus interesses. As mulheres ficam viúvas, os filhos sem amparo, sem emprego, e a impunidade é a regra.

Será se novo discurso de Lula ou dos novos presidenciáveis a Reforma Agrária continuará sendo apenas um mote para o fortalecimento de propostas que realmente interessam à população pobre, mas que, nem mesmo o presidente Lula, com toda a sua história de nordestino sem terra, conseguiu fazer valer a esperança que o povo tão bem intencionado depositou nele, a grande promessa de mudança?

O Norte do Brasil, o oeste da Bahia, continuarão sendo especulados e entregues nas mãos, de graça, ou em troca de acordos políticos, para aqueles que sempre tiveram poder sobre as terras? A soja, os pastos de gados e búfalos, continuarão sendo prioridade para a pauta de exportações brasileiras em detrimento do incentivo à agricultura familiar que realmente poderia se constituir como o grande avanço para a proposta internacional de Lula no combate à fome e à pobreza? Ou continuaremos a ter milhões de brasileiros sem nem um metro quadrado de terra para plantar?


O Transporte e o Desperdício
(08/03/06)

Ouvi, de um ex-garimpeiro de ouro, que trocou essa atividade, altamente perigosa, injusta e instável, pela criação de galinhas de quintal, já que vender frutas, por exemplo, segundo ele, é inviável diante do sério e histórico problema do transporte de pessoas ou mercadorias pelo interior do país. Seu Orlando José dos Santos, seu Zé das Galinhas, mora na região de Catolés de Baixo, município de Abaira, Chapada Diamantina, área de preservação ambiental onde estão localizados patrimônios naturais como o Pico das Almas (Rio de Contas) e Pico do Barbado, o maior do Nordeste, com 2.033 metros de altura. Essa região é repleta de água de primeiríssima qualidade, solo fértil pra tudo, inclusive pro cultivo de café, morango, manga, goiaba, banana, laranja, tangerina, limão, jaca e muitas outras frutas da nossa biodiversa natureza.

Mas, Seu Zé das Galinhas não vende frutas não é porque não quer não!! é porque não existem as condições mínimas favoráveis para o negócio. Vamos explicar. As frutas apodrecem no chão, criam mosquitos, até fertilizam o solo. Mas, essa fartura, esse desperdício, essa sobra em demasia, com certeza faz falta em outros lugares, não muito longe, mas, ali, bem pertinho, em lugares vizinhos, em casas de famílias que não têm tanto terra disponível como outras. Mas, porque seu Zé das Galinhas e muitos outros José, Pedro, Antonio, Orlando, Raimundo, e fulanos de tais, não conseguem vender, transportar para outros lugares, porque, primeiro: as estradas são muito ruins, até mesmo as rurais, carros topa-tudo, têm dificuldade de trafegar; segundo: porque os fretes, em lugares de poucos carros, são muito caros, complicados. “A gente não vende, vê as frutas apodrecendo e os bichos sem dar conta de comer, porque o frete é muito caro, o preço é maior do que o que a gente poderia apurar vendendo as frutas”, diz seu Zé, que nem levou em consideração o tempo que leva pra molhar, adubar, o trabalho que dá pra cuidar, embalar e guardar quando isso se torna a única alternativa pra dizer que está trabalhando em alguma coisa, mesmo que seja pra pagar pra trabalhar, pra não ganhar nada, pra não morrer de tédio e de desesperança diante de tanto desrespeito e falta de garantia de uma vida digna.

A falta de estrutura das rodovias e a ausência de uma política de incentivo ao transporte ferroviário vem sendo discutido entre quem sofre com a sua falta, e o Governo, ah, o governo, mesmo um governo como o de Lula, que tão bravamente combateu, antes de estar no Poder, essa ausência de Política de Transportes, inclusive o de Cargas, não vem dando a mínima, não tem sinalizado nada em favor do transporte de massa, de cargas e de transportes de mercadorias simples e necessárias, como as frutas e legumes, de um lugarzinho, um distrito, para a sede do município, há pouquinhos quilômetros de distancia de um pára o outro. Na roça da Comunidade Quilombola de Bananal, distrito do município de Rio de Contas, também na Chapada Diamantina, a tia do mestre Orlando, exímio guia e um verdadeiro amigo do meio ambiente, os turistas que eles levam para conhecer a agonia e resistência do seu povo, não compram e não dão conta de consumir, de imediato, as gostosas mangas, goiabas, jacas, canas e outras frutas do lugar. Com a bacia de alumínio, cheia de mangas, na cabeça, a tia de Orlando sabe que as galinhas também não vão dar conta das mangas que ela ficou parte do dia catando ou tirando do pé, com carinho, pra não machucar. Os filhos, netos, amigos, vizinhos e até visitantes que mereçam algum agrado, não darão conta de comer ou chupar todas aquelas frutas e o que poderia se tornar fonte de renda, até através de incentivos na industrialização, vamos dizer caseira, de doces, compotas, frutas desidratadas e polpas, não recebem incentivo nenhum, nem do empresariado, ganancioso como sempre foi. Enquanto isso, um grande galpão de zinco, instalado na comunidade, começa a enferrujar e intrigar visitantes mais atentos. No país da fartura o desperdício é alimento para a fome, a falta, o contra-senso, a injustiça, a insensatez e a indignação pela irracionalidade de homens desatentos e insensíveis ao que ronda seu próprio nariz.


O cuidado de cada um

De que maneira, nós, cada um de nós, contribuímos para a preservação ou degradação do planeta?. Poderíamos nos perguntar, de vez em quando, concorda? Sem ter muito alcance às teorias modernas sobre as transformações porquê passam o Planeta Terra, podemos constatar, dia após dia, que a atividade humana vem contribuindo, perversamente, em suas diversas formas de produção e organização, para o grave problema do aquecimento global. O Homem e o Planeta ainda estão em desarmonia. A pressa consumista vem cegando um olhar mais detalhado e cuidadoso é necessário para a preservação do diverso, rico e sustentável ambiente, onde a Natureza, e sua complexa sapiência, vem garantindo vidas, nesse Planeta Azul.

Tem gente que ainda acha essa discussão inócua, sem sentido e distante de uma realidade cujas prioridades, passam, por exemplo, pelo nível ações no mercado financeiro ou pelas projeções dos números em mercados internacionais. A cultura do descartável, rápido, cômodo e substituível, é o que interessa. Não lhes convencem ou sensibilizam projetos e campanhas que lutam por exemplo, contra o desperdício de comida, água, papel ou energia. Essas atividades ainda estão associadas a concepções preconceituosas, como “românticos”, “loucos”, ou dos, “sem ter o quê fazer”.

Num ambiente onde ainda exista empresário com visão de mercado que não agregue ação de responsabilidade social em benefício comunitário, a sustentabilidade de qualquer idéia estará comprometida. O bem que fazemos a uma pessoa, a um outro animal, a um ambiente pequeno, a uma casa, a uma rua, bairro, se cidade, se propagará como energia positiva para ambientes maiores, macro, espaciais.

Por quê se fortalece a idéia de voltar ao campo, morar mais afastado do burburinho da cidade, do centro urbano, das grandes metrópoles, do corre-corre ?. Quem, mesmo com uma mansão na cidade, não quer ter uma casa de campo, de praia, de veraneio, uma roca,uma fazenda, um sitio?. No campo, no interior, nas pequenas cidades rurais a presença da harmonia com a natureza é sentida bem perto, nas folhas das árvores, na terra, no ar, no correr das águas dos rios, nos cocorichá das galinhas no terreiro, dos pássaros voando, no coração do povo nativo, de alma pura, atos corajosos, espírito guerreiro e mente resolvida, com a vida. Perto desse povo surge também o alívio sobre um certo sentimento de indignação, nojo, raiva da superficialidade, agonia, estresse e loucura insana de gente pessoas sem compromisso com a vida, digna.

A pergunta sobre a nossa responsabilidade diária com a preservação do planeta deve ser feita, mesmo, constantemente, o tempo todo, porque nunca paramos de viver, um só instante dos momentos que uma vida inteira, nos reserva, com mais ou menos tempo, com mais ou menos histórias, com mais ou menos prazer, dedicação, entrega. A transformação dos ambientes naturais se dá através de cada gesto, no andar, no comer, no fumar, no falar, no jogar fora, no mentir, omitir, zelar, quebrar...e, se cada gesto desse for voltado para a construção de algo bom, com certeza, teremos um resultado bom, harmonioso. Do contrário, é como a matemática, dá o contrário também, porque a mudança objetivou um resultado mal. Como diriam alguns é questão de escolha, de posição, de desejo, de sonho, de compromisso ou falta dele. O desafio continua sendo resistir nessas diferenças de objetivos.

Liliana Peixinho * - Jornalista ambiental, correspondente da Folha do Meio Ambiente, na Bahia, coordenadora da AMA – Amigos do Meio Ambiente. Projeto sobre o Papel da Mídia na Construção da Cidadania Sustentável .



Revolução Ambiental

A mudança de comportamento com relação aos diversos meios onde se vive a vida, cotidiana, seja em relação a uma atitude perversamente degradadora, como são, ainda, algumas políticas empresariais; seja por mais ou menos uma baga de cigarro que se joga ou se deixou de jogar no chão, é que vão fazer a grande revolução ambiental. Não adianta justificar a falta de ação em cima da falta de recursos financeiros porque tem entidade, instituição, Ongs e órgãos governamentais ou empresarias nadando em dinheiro e não sabem o que fazer com os recursos para, efetivamente, verem os resultados em ativos ambientais. Jogar uma ponta de cigarro no chão, no mar, no rio, na mata, em qualquer ambiente que “normalmente” se joga , pode não representar nada para uma cada dela, mas tem um efeito devastador quando somadas, aos bilhões. Cada crise que estamos vendo mais evidencias hoje tem suas raízes, suas origens em comportamento como esse, da bituca de cigarro, e se estende para os restos de comida dos pratos, das lixeiras, das cozinhas, das esquinas, dos bairros, das cidades, dos estados, dos paises, dos continentes, até chegarmos à totalidade do Planeta. O problema, é que nesse caminho, que parece longo, mas não é para a ciência e para a consciência, muita gente se perde, não tem a dimensão da importância do seu ato, seja para a preservação ou para a degradação.

Participando da lista de discussão de algumas redes de comunicação ambiental , como a REBEA e a REBECA, vi um texto, exemplar, sobre este tema, que permita colega Liana, vou transcrevê-lo, em parte, para reforçar nossa idéia, acima. O titulo é altamente sugestivo e justifica o conteúdo que se segue. “È preciso mudar já” - “Estamos vivendo uma crise ambiental, social, política, ética, ecológica, sem tamanho, que pode trazer junto consigo mudanças traumáticas pro mundo todo. A do clima é a primeira da fila. Depois vem a água, a comida, o ar, e por aí vai. Os caras que vem discutir biodiversidade e biosegurança sabem dessas coisas mas não sei se leram Morin, Leff, Capra, Maturana; ou se leram entenderam?

É preciso mudar já:o tipo de pensamento simplificador e reducionista usado pela ciência, ensinado nas escolas de todos os níveis, para o pensamento contextualizador e interdisciplinar, muldimensional e aplicá-lo em todas em todas as especialidades e áreas do saber e da atuação humana; - a racionalidade econômica que rege os assuntos políticos, econômicos, científicos sociais e humanos em geral, pela racionalidade ambiental, que considera a totalidade, acata a complexidade e acima de tudo inclui o fator ambiental nos conceitos de custo e benefício. hábitos de vida, conceitos de conforto, estética, riqueza, miséria, saúde, doença divulgados pela mídia; e aplicar já tecnologias sustentáveis na administração de cidades, no comércio, indústria, ciência e tecnologia, a serviço da reordenação das prioridades econômicas, sociais e políticas, no esquema produção e consumo, visando a promoção de condições de sobrevivência da espécie humana - humanidade - de todas as demais espécies que vivem neste planeta; é preciso parar de considerar a natureza o simples cenário em que o ser humano vive sua história; ela é parte integrante dessa história e talvez a mais importante de hora em diante, podendo mudar os seus rumos a qualquer momento e em qualquer lugar é preciso buscar alternativas de trabalho e emprego pra milhões de pessoas, que não sejam poluentes, devastadoras, envenenadoras é preciso considerar o que ainda resta como patrimônio comum da humanidade, a ser cuidado, conservado, preservado, protegido e utilizado em benefício da melhoria da qualidade de vida do conjunto dos seres humanos e das demais manifestações da vida”. O erro da falta dessa visão é histórico, demorará muito consertá-lo mas chegar logo se começarmos imediatamente já, nesse momento, após a leitura deste texto. Amém.

Liliana Peixinho “ – Correspondente da Folha do Meio Ambiente, coordenadora da AMA- Amigos do Meio Ambiente www.amigodomeioambiente.com.br



Esperança civil

Em 2005 a falta de ética, de respeito ao outro, de compromisso e cumprimento de acordos prévios, dominaram as manchetes da imprensa. O uso de privilégios, a falta de decoro parlamentar e até mesmo a violência física foram atos cotidianos de políticos eleitos por um povo que tinha esperanças em ver os seus anseios, os seus direitos, a suas necessidades canalizadas para a melhoria da qualidade de vida dos eleitores, dos cidadãos brasileiros.

O ano de 2005 foi altamente positivo para dar transparência, para vir à tona, em público, uma série de escândalos que nos envergonham como cidadãos cumpridores dos nossos direitos. Mas, por outro lado, descartou a hipocrisia, o cinismo, a cara de pau de homens públicos insensíveis, sem nenhum compromisso com a construção de uma história que nos orgulhe como Nação.

Que em 2006, ano de Copa do Mundo, ano de eleição para governador, presidente, os fatos e as evidências de 2005 e comprovações dos erros políticos não se repitam para que a esperança da implantação da verdadeira democracia, não seja uma utopia. Que não possam ter sido em vão a histórica luta pelas diretas já, o sangue o suor e as vidas de muitos que lutaram e não conseguiram alcançar o grande ideal da liberdade democrática.

O povo brasileiro, corajoso, guerreiro e sábio, merece e precisa acreditar na possibilidade de ver as nossas leis, que foram baseadas no Direito do Primeiro Mundo, realmente possam ser garantidas sem muita burocracia. Sem precisar recorrer ao famoso “Jeitinho Brasileiro”, sem que tenhamos que solidificar a cultura da corrupção e sem que percamos a esperança na civilidade.

Como povo de fé inabalável, bravura reconhecida e espírito verdadeiramente solidário, o brasileiro continuará indo às urnas acreditando que seu voto possa ser representativo de um sonho nacional, o sonho da construção de uma cidadania verdadeiramente sustentável, com harmonia entre o que se necessita ter, entre o que o Governo planejou fazer, e o que a grande Matriz Energética chamada Natureza pode nos dar sem se rebelar. Amém.



Por um 2006 Sustentável

Ano novo é sinônimo de esperança, mudança, desejos, vontades. Para isso tentamos esquecer os fatos ruins que marcaram o ano, os pesadelos, as catástrofes, podridão dos maus políticos, as mortes indesejadas, a derrubada das florestas, os discursos mentirosos, e um sem número de fatos e atos que marcaram cada dia de 2005. Um relatório recente da ONU intitulado “The inequality predicament” (traduzido num texto de Frei Beto como “ A Encruzilhada da Desigualdade)” faz um retrato do Planeta Terra, sob o foco da desigualdade, de forma muito real e indignante quando nos detalhamos sobre os dados. Vamos reproduzir aqui alguns desses dados revelados no documento da ONU para que o nosso leitor tenha informações que possam servir como parâmetro para a mudança de comportamentos indesejáveis no trato com a nossa Mãe Terra. Essa macro visão é extremamente necessária para nos atermos a detalhes que fazem muito diferença quando a revolução é a mudança do comportamento individual, dentro do coletivo. E aquela história de fazer a sua parte, tipo você joga uma bituca de cigarro no chão e eu jogo uma bituca de cigarro no chão, teremos duas bitucas de cigarro no chão. Mas, se você recolhe a sua bituca e eu recolho a minha, serão menos duas bitucas de cigarro no chão, e a meta é zero bituca no chão. Se avançarmos da bituca para o saco plástico do supermercado, para o papel de chiclete, para o próprio chiclete, a garrafa pet, o papel do chocolate, a embalagem do pão.....e um sem número de objetos de consumo que descartamos no chão, todos os dias, será fácil perceber a diferença entre a perspectiva do lixo zero, rumo ao Desperdício Zero, e as montanhas/toneladas de lixo que criamos, com os nossos maus hábitos, em cada segundo do nosso dia a dia, em cada canto deste grande país/planeta. E é exatamente porque poucos têm muito e muitos têm muito pouco que o lixo pode representar uma simbologia da desigualdade, do descuido com o outro, com a falta de respeito e de solidariedade, com a falta de visão dos fatos, que isolados não tem grandes efeitos, mas, quando projetados, divulgados, têm largo alcance e pode revolucionar, mudar, construir novos paradigmas, um novo mundo. Só para não esquecer, aí vão alguns dados do relatório da ONU: - Apenas 1 bilhão pessoas, dum total de quase 7 bilhões do planeta, se apossam de 80% da riqueza mundial - A renda per capita dos países mais rico quase triplicou. Nos países mais pobres apenas 25 por cento pode crescer. - Entre 1950 e 1990, cresceu a desigualdade entre 48 países, dentre 73 que têm estatísticas confiáveis. Em 16 a desigualdade ficou estável e em apenas nove ela foi reduzida. - Em todo o mundo, metade dos trabalhadores – cerca de 1,4 bilhão, vive com menos de dois dólares por dia. Um quarto da população recebe, no máximo, um dólar por dia. - No Brasil, metade dos trabalhadores dependem do mercado informal, engrossando a multidão dos excluídos/desesperados. - No Brasil, a falta de educação é responsável por 50 por cento da desigualdade. E a diferença média de salário entre uma pessoal com curso superior e uma sem estudos é de 814 por cento. A taxa de matrícula na universidade é de 16 por cento. Na Argentina e no Chile é de 40 por cento. Bom, para não desanimar e ter esperanças, basta por aqui. Que em 2006 possamos, com atitude, ética, responsabilidade, espírito de união, coletividade e solidariedade, ajudarmos, cada um de nós, a mudar esse quadro acima, Amém.


Fatos e discursos

Enquanto o governo libera recursos para gastar às pressas, à toque de caixa, em obras de infra-estrutura há muito esperadas; e instituições privas caçam projetos que fortaleçam suas ações no marketing verde, paralelamente milhões de pessoas tentam garantir a sobrevivência, no limite. A disparidade entre os que têm muito e não sabem como utilizar os recursos e os que têm muito pouco, ou quase nada, mas tentam, com criatividade e compromisso, garantir uma vida realmente sustentável, coerente, cuidadosa com o ambiente, é tão indignante e inadmissível quanto a irresponsabilidade do governo no trato com os recursos públicos.

No Brasil onde temos latifundiários com posses de áreas de terras maiores que países como a Bélgica e, também, onde temos milhões de famílias que não têm, sequer, um metro quadrado de área para morar ou plantar, ainda temos muito o quê lutar nas representações de Encontros de Cúpulas Mundiais que determinam as macros políticas para o Planeta Terra. Temos que ter representações que realmente façam a diferença entre o que historicamente é ou passar a ser estabelecido e o que realmente precisa ser consensualmente garantido para a construção de um novo paradigma que prime pela melhor distribuição de renda.

A política desigual de subsídios para a agricultura, a exemplo de culturas internas americana, como o algodão, que é o mais barato do mundo, tem sacrificado milhões de agricultores de outros países, numa concorrência desigual ou mesmo a falta dela no processo de abertura dos mercados. A falta de infra-estrutura das estradas brasileiras, por exemplo, ou a ausência de um transporte de cargas eficiente, seguro, rápido e barato, como o ferroviário, ainda faz do Brasil um país cuja agricultura estar mais para satisfazer as metas da balança comercial de exportação do que para a garantia da qualidade de vida do seu povo, onde a qualidade e a diversidade das nossas produções poderia nos livrar da dependência dos laboratórios químicos, que alimenta a indústria farmacêutica, cara e criminosa.

Os elogios do presidente do Bird, a programas brasileiras como o Fome Zero e a sua surpresa em ver analfabetos adultos assinando seus nomes pela primeira vez, indicam o descaso americano com os reais problemas da fome, da exclusão, que sofrem, por exemplo, o povo nordestino. O Balanço ministerial do Governo Lula, e os auto-elogios de ministros para as suas pastas, em áreas estratégicas do governo, não enganam uma população que nem sequer tem garantido um salário mínimo de R$ 300,00. O jogo feito pela equipe do governo sobre a recandidatura de Lula à presidência do Brasil é um claro sinal da desconfiança própria de que entre os fatos e os discursos há uma realidade inaceitável para os mais atentos e sedentos da garantia de direitos.

Que o povo brasileiro possa realmente estar atento entre o que se fala e o que não se faz para que possamos dar continuidade ao grande sonho de uma vida digna, justa e prazerosa de se lutar, a todos os instantes, de cada dia. Amém.


A astrologia e o meio ambiente

A convite da diretoria da FABAC-Faculdade Baiana de Ciências o astrólogo científico Assuramaya, homem nordestino com perfil de sábio chinês, indu e visão de mundo ampliada pelos seus 50 anos de astrologia, fez lançamento, esta semana, dos livros “A Gênese do homem Deus” e “O Sermão do Mestre na Mansão da alma”, precedida de uma palestra sobre a importância da astrologia na vida familiar . “ Homem conhece o Universo e encontrarás o Deus que habita dentro de ti”, disse ele, para um público atento. Com uma visão macro cósmica do mundo o mestre Assuramaya fortaleceu o poder da ciência, a importância do estudo, da pesquisa e das experiências de campo como instrumentos necessários ao auto-conhecimento. Responder perguntas como “de onde viemos, porque estamos aqui... para onde vamos!...”, foram provocações feitas pelo mestre, à platéia, que reagiu com dezenas de perguntas que buscam a curiosidade pela origem da vida.

Em sua peregrinações Brasil afora, o professor vem engrossando a corrente pela introdução da Astrologia nos currículos escolares. Defensor do conhecimento científico como instrumento de compreensão da vida, em sua forma mais complexa, o professor Assuramaya acompanha a política de educação do país de forma crítica, atenciosa e atuante nos espaços que se abrem para a discussão desta Ciência, como a FABAC.

“A Astrologia será a religião do futuro”, disse ele, logo após uma exposição de imagens de sistemas planetários e informações sobre a importância da preservação da Terra. Entrando no detalhe sobre o cotidiano de nossas vidas o Astrólogo defende o Mapa Astral do individuo como uma identidade, que é única, e que deveria realmente nortear cada instante da vida de uma pessoa. O estudo sobre as influências astrológicas, baseada em dados como hora e local de nascimento, podem ajudar cada um a projetar um futuro que é feito em todos os momentos. Tendo feito milhares de mapas astrais das mais variadas pessoas, o professor Assuramaya condena o uso da Astrologia de forma especulativa e reforça a necessidade de sua divulgação como Ciência presente e determinante no comportamento social.

No site www.assuramaya.com.br o astrólogo abre caminho para os estudiosos, com dirversos menus transversais, passando pela religião, ciência, política, filosofia, história, astronomia. O crescente interesse pela astrologia revela a necessidade do Homem em ter respostas para inquietações que permeiam a Ciência e a Religião, onde Deus, aparece, cada vez mais próximo. Enquanto não temos as respostas para questões como a morte, que cuidemos da vida da forma mais plena e digna. Amém.


Educação infantil e meio ambiente

Conversando sobre educação ambiental, com uma amiga brasileira, que mora há mais de 15 anos, na França, chegamos à conclusão, mais uma vez, de que as ações de prevenção, que é mesmo o grande remédio para qualquer mal, deve realmente começar em casa. Se a família ensina, dando o exemplo, mostrando, na prática, como funciona os acertos, os erros são mais raros. Se formos verificar a origem do lixo, da mistura irracional do que a princípio achamos desnecessário, num determinado momento, vamos ver que o lixo é o resultado do acúmulo de atitudes erradas, nos lugares errados.

Vejamos: você está em um parque, com o seu filho, digamos, de cinco anos, e dá um picolé para ele. Se o parque estiver bem monitorado ambientalmente, com certeza, próximo ao local da venda do picolé deverá ter lixeiras. No parque de Pituaçu, por exemplo, há três tipos de lixeira: azul, para plástico; amarela, para metal e verde para papel. Fomos conferir como anda a educação do povo e, mais uma vez nos decepcionamos. Apesar de estar escrito nas lixeiras, o tipo de lixo que deve ser ali depositado, em letras bem grandes e de forma bem
destacada, a população não respeita, não tem o cuidado, não se dá ao dever de ser civilizado e apenas colocar na cesta certa, o lixo certo. Porque não faz certo, se está ali, bem na frente, identificado de duas maneiras, escrito em cestas de cores distintas? Pois então, a mãe viu o f ilho terminar de chupar o picolé, e bem ali, na sua frente, ele joga a embalagem no chão, e a mãe, absorta em outras coisas, faz que não vê e perde a oportunidade de cuidar do futuro do filho.

Pensando nisso, um grupo de ambientalistas vem fazendo contatos e ampliando idéias para mostrar aos pais, em suas casas e em ambientes como parques, jardins, playsgrouds, praças públicas e outros espaços como é importante mostrar aos filhos, o mais cedo possível que lixo tem o lugar certo e que tudo pode ser reciclado, que pode ser transformado ou reutilizado, de forma a conservar melhor, de forma e em lugares adequados até mesmo aquilo que consideramos como imprestável, sem valor, sem utilidade, ou seja, lixo. Se conseguirmos alcançar essas mães, tias, irmãs, professoras e principalmente as crianças que estão próximas à elas estaremos, aí sim, cuidado e garantindo um futuro limpo, sem sujeira, sem desperdício, sem tantas doenças que podem ser evitadas e com civilidade, porque é isso que o planeta precisa para continuar sendo a nossa gr ande casa. Essa mudança de comportamento é bem mais fácil, prática e barata do que consertar os erros que se acumulando viram doenças crônicas, incuráveis, como a falta de consciência e respeito com o outro. Amém.



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