Tuesday, September 23, 2014

Criança, sensibilidade e degradação até Bola Verde- Artigos recuperados


Crianças, sensibilidade e degradação

È extraordinário como as crianças, mesmo sem ainda ter controle total sobre a coordenação motora, são mais cuidadosas que muitos adultos. Fico observando o comportamento delas ao lidar com objetos, falar coisas, brincar e cuidar dos animais, por exemplo, onde essa sensibilidade tão forte e nata na criança e, infelizmente, perdida com o passar do tempo, pudesse começar a ser resgatada o mais rápido possível, diante dos cuidados necessários à preservação das vidas. Talvez o caminho mais certo, rápido e fácil seja mesmo o do processo educativo voltado para a visão integral, holística, transversal, inteira e ao mesmo tempo, detalhada em por partes, onde tudo, no final estará relacionado ao todo.

Problemas como: A crescente Degradação dos ecossistemas do Planeta Terra; O ritmo acelerado e desenfreado da demanda turística sem incentivo às retaguardas e contra-partidas ambientais; O Desequilíbrio social em comunidades turisticamente super exploradas; A falta de políticas que priorize o turismo como fonte geradora de renda e potencial de incentivo para oportunidades de negócios que possam quebrar a cadeia cíclica e perversa da política de incentivo à desigualdade social; dentre outros, têm fortalecido o trabalho de movimentos ambientais que consideram mais importante que recursos financeiros, é a capacidade de interagir com comunidades carentes de tudo, desde a informação, ao saco de lixo para separar o que pode ser convertido em dinheiro, quase de imediato, do quê precisa ser depurado, decomposto para servir como matéria prima, a exemplo, do lixo orgânico.

Estudiosos dos problemas e das alternativas para a preservação da vida lamentam que a falta de compromisso político-empresarial com questões ambientais chaves como o turismo predatório, o tratamento e reciclagem do lixo, o desperdício de comida, água, papel e luz, vinculados um consumo crescente, sem retaguardas sustentáveis, têm gerado mais problemas que soluções em lugares onde a comunidade foi invadida pela propaganda de ocupação dos grandes complexos hoteleiros e imobiliários. “Aqui em Arembepe não tem trabalho para nós.
 Ou o povo quer gente para trabalhar como pedreiro ou somente para limpar as sujeiras que fazem. Não tem, assim, um trabalho num hotel decente, numa boutique, no comércio, em projetos onde a gente possa sentir prazer em trabalhar, juntos, e em benefício da nossa comunidade, das nossas tradições e riquezas. Eu tenho vontade de sair daqui mas meu filho é muito pequeno e não posso deixar minha avó, ” declarou, esta semana, uma nativa de Arembepe, no Litoral Norte da Bahia, mãe solteira e sem condições nenhuma de sustentar uma vida com o mínimo de condições para a garantia da sobrevivência digna.

Por essas e outras muitas pessoas tomam rumos que nem gostariam, como a prostituição, as drogas, o alcoolismo, e outros caminhos mais excludente que os da situação em que se encontravam antes de entrar nesse perigoso labirinto social. Qual o papel das Comissões das Assembléias Legislativas, das Câmaras de Vereadores e outras instancias do governo diante de problemas que poderiam ter outras alternativas que não o cenário negro e real desenhado pela jovem nativa de um lugar considerado como o Paraíso?



Coleta Seletiva e Cidadania

A coleta pública seletiva do lixo ou mesmo a separação em casa, nas escolas, nas empresas, em cada ambiente gerador de resíduos, é um dos focos dos trabalhos da AMA – Amigos do Meio Ambiente. Difundir informações que possam mudar comportamentos ambientalmente nocivos e contribuir para a geração de renda, difusão do emprego e incentivo à reciclagem criativa são alguns dos objetivos da Campanha Pela Coleta Seletiva do Lixo em Apoio aos Catadores, à Saúde Pública e à Reciclagem com Arte. Este trabalho vem sendo desenvolvido em escolas, comunidades carentes, shoppings centers, lanchonetes, restaurantes, via públicas e em qualquer outro lugar onde haja oportunidade da AMA levar informações que possam mudar comportamentos degradadores.

Esta semana utilizaremos este espaço para reproduzir informações que foram resultados da segunda edição do estudo “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil realizada pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos , relativo ao ano de 2004, e divulgada no site do Instituto AKatu Conforme a pesquisa existem, no Brasil, quase 8.000 locais onde o lixo, depositado de forma inadequada, contamina o solo e o lençol freático. Em 2004, das 53 milhões de toneladas de resíduos industriais geradas no país, apenas cerca de 3 milhões foram tratadas. Quase 100% dos aterros sanitários atuais estão no final de sua vida útil, e sua reposição exige um investimento inicial de R$ 500 milhões, acrescidos de R$ 40 milhões/mês para mantê-los em funcionamento. Para universalizar a coleta de lixo no Brasil (em especial, nas cidades com menos de 50 mil habitantes) são necessários R$ 800 milhões, além de R$ 40 milhões/mês na fase operacional.

A AMA – Amigos do Meio Ambiente tem conseguido reverter alguns comportamentos, em grupos de pessoas, em festas, shows, espaços públicos ou fechados, ao se aproximar de pessoas que acabaram de cometer um ato sujo, como jogar uma ponta de cigarro no chão, ao invés de depositá-la no lugar adequado; lançar embalagens pelas janelas do carro, das casas, apartamentos, ônibus, etc entre outros comportamentos mal educados e que precisam de vigilância para correção. Os Amigos do Meio Ambiente tem conseguido mudar esses comportamentos ambientalmente agressivos apenas com o simples gesto de falar, de forma educada e séria sobre o que aquela pessoa acabara de fazer.
 O estudo da Abrelpe conclui que, além de investimentos vultosos e de vontade política, a colaboração de cidadãos e de empresas é fundamental para minimizar os impactos negativos da geração de lixo. Por isso, enquanto a política de educação ambiental não chega às comunidades os Amigos do Meio Ambiente, como cidadãos, vão dando seus exemplos multiplicadores, com efeitos surpreendentemente positivos. Das 5.560 cidades brasileiras, apenas 237 empreendem a coleta seletiva .

Apesar de ainda serem poucas, a tendência é de aumento, já que os números relativos à reciclagem crescem a cada ano: o montante de papéis reciclados aqui é de 43,9%; de plásticos, 17,5%; embalagens PET, 35%; vidro, 45%; latas de aço para bebidas, 75%; e latinhas de alumínio, 89% este, um recorde mundial. Segundo a Abrelpe, cada brasileiro gera, por dia, 750 gramas de lixo. Ou seja, só a cidade de São Paulo produz cerca de 12 mil toneladas diárias. 
Nos municípios de todo o país, 162.232 toneladas de resíduos sólidos são coletados, diariamente, das quais 125.095 toneladas/dia referem-se aos resíduos domiciliares e comerciais e 37.137 toneladas/dia aos coletados em vias públicas. A melhor maneira de ajudar a minimizar este problema que afeta a toda a sociedade é consumir com consciência: da moderação ao comprar à separação do lixo para coleta seletiva, passando pelo aproveitamento máximo dos produtos, evitando qualquer tipo de desperdício, você colabora para que o mundo seja um lugar melhor para viver.


A ética e o meio ambiente

As relações de trabalho, de amizade, de família, do dia-dia da existência humana na sociedade estão tão degradadas quanto o meio ambiente. As pessoas estão jogando no lixo, de forma misturada, sem nenhum critério de seleção, valores como respeito, educação, dignidade, coragem, determinação, responsabilidade, seriedade e outros que nos fazem crer numa vida compartilhada, equilibrada. A mentira e a verdade estão em patamares de desigualdades tão exacerbados que está difícil saber em que, ou em quem acreditar, botar fé. O desestímulo das pessoas para uma vida repleta de sabedoria, paciência, responsabilidade e prazer é tão evidente que as manchetes dos jornais sobre violência é apenas um dos indicadores desse grave e crescente problema social.

Os profissionais ou charlatões das áreas ocultas, da psicologia social e profissional ou das “religiões” oportunistas nunca ganharam tanto dinheiro ou quebraram tanto a cabeça para entender a fragilidade de seres humanos que vivem mais como autômatos do que como pessoas que têm direito à liberdade, com as devidas contrapartidas de responsabilidade. As crianças ainda estão salvas desse processo e devemos conservar a natureza verdadeira dos seus atos para não comprometermos um futuro com mentiras e arranjos mentirosos que além de enganar aos outros, têm levado o ser humano a um processo irreversível de alimentação da mentira e de construção de uma não realidade ou realidade fantasma, enganadora, superficial e cheia de engodos.

É assustador quando se percebe este problema com uma lente de aumento onde o coração e a alma são os instrumentos de medição dessa gravidade. Tem gente que até desiste de viver, ou vive sem alegria, ou faz de conta que vive, ou empurra o dia-a-dia como um peso insuportável, provocado pela dor da inverdade. O que estará por trás disso tudo? Respostas rápidas como o egoísmo, a falta de ética, o descompromisso, a falta de solidariedade, de informação, de visão do mundo, de futuro promissor, de um mundo melhor e de perspectivas para a construção de um mundo realmente mais participativo de inclusão social, poderiam, para alguns, justificar esse comportamento degradador de vidas dignas.
 Tenho saudades da tranqüilidade de minha avó, da coragem de minha mãe, da bravura de minha tia, do espírito participativo e comunitário do pessoal do interior, lá das bandas longe da cidade, do povo que vive no escuro, sem luz elétrica, mas com um brilho nos olhos e na alma que só mesmo algumas crianças ainda mantém vivos, de forma pura.Está na hora de começarmos, imediatamente, o resgate desses valores que são impagáveis e imprescindíveis para a construção de uma vida prazerosa.


A destruição da Terra

Você deixa resto de comida no prato, escova os dentes com a torneira aberta, se ensaboa com o chuveiro ligado, lava o carro com água potável, toma banho com shampoo ou sabonete num rio, enquanto desfruta da bela paisagem, amassa papel para brincar de cesta, deixa as luzes acesas e os aparelhos ligados porque não é você quem paga a conta? Se você respondeu sim, honestamente, às estas ou algumas destas questões, que tal ler esse artigo até o final e se informar sobre os efeitos de seu comportamento sobre a degradação do planeta Terra?. 
Uma matéria publicada esta semana, na imprensa européia e difundida para todo o mundo, alerta a humanidade para os riscos de um grande desastre ambiental no Planeta Terra. O problema está na pressa capital em produzir, e rápido, sem as devidas contrapartidas de preservação da nossa grande matriz energética que a Natureza.

Conforme informações da matéria "Ao longo dos últimos 50 anos, os homens alteraram os ecossistemas mais rapidamente e numa extensão muito maior do que em qualquer outro momento da História de forma a atender às crescentes demandas por comida, água e madeira". O futuro da Terra está realmente comprometido e as pessoas, mesmo as ditas bem informadas, ainda não se atentaram para esse real perigo.
 Se os Homens pudessem, ao menos, imaginar a Terra como um grande ser vivo, pulsante e carente de cuidados, vide teoria de Gaya, quem sabe pudéssemos começar a vislumbrar um futuro onde notícias como a que surgiu esta semana não estaria em pauta. No entanto, a matéria está sustentada em informações baseadas em relatórios produzidos por fontes científicas, bem distantes dos chamados “ativistas verdes”, continuamente perseguidos inclusive, pela própria imprensa.

”Segundo opinião de 1.300 cientistas, de 95 países, que apresentaram um detalhado estudo sobre o estado do mundo, os dados não são nada animadores já que os especialistas descobriram que:”dois terços dos ecossistemas estudados sofreram terrivelmente ao longo dos últimos 50 anos. As regiões secas, que representam 41% da superfície terrestre do planeta, foram particularmente afetadas e, ainda assim, são as áreas onde a população humana cresceu mais rapidamente ao longo dos anos 90. O documento “Avaliação do Milênio dos Ecossistemas” identifica meia dúzia de lugares onde podem ocorrer mudanças abruptas sem esperança de recuperação no tempo de vida de uma pessoa. Onde a degradação for lenta e inexorável, pode não haver um colapso ambiental total, mas as pessoas mais pobres do mundo serão as que mais sofrerão.

O coordenador do relatório, Walt Reid, afirmou que se a comunidade internacional não tomar medidas decisivas, o futuro é incerto para a próxima geração. “O ponto principal do documento é que estamos gastando todo o capital natural da Terra, exercendo tamanha pressão sobre suas funções naturais que a capacidade dos ecossistemas do planeta de sustentarem as futuras gerações não pode mais ser tida como certa“ afirmou Reid. 
A esperança, ou a nossa chance, diante dos dados apresentados, é a mudança de comportamentos degradadores, como o desperdício de comida, água, energia e papel, por exemplo, que têm efeitos multiplicadores noviços para os ecossistemas. “Podemos reverter a degradação, mas as mudanças necessárias são substanciais e ainda não estão sendo adotadas. Os cientistas concluíram que o planeta foi substancialmente alterado por causa da pressão exercida sobre os recursos naturais em razão das crescentes demandas de uma população cada vez maior. A Degradação não tem precedentes na História e o custo total disso somente agora está se tornando aparente. Dos 24 ecossistemas considerados vitais,15 estão seriamente degradados ou usados de forma insustentável.
Conforme o relatório “Aproximadamente um terço da superfície do planeta encontra-se ocupada por cultivos, sendo que o número de áreas convertidas em plantações desde 1945 é maior do que a soma das regiões que passaram a ser cultivadas nos séculos XVIII e XIX. O volume de água desviada de lagos e rios para a indústria e a agricultura dobrou desde 1960 e, hoje, a quantidade de água armazenada em reservatórios é de três a seis vezes maior do que a que flui naturalmente. A quantidade de nitrogênio e fósforo lançada no meio ambiente em razão do uso de fertilizantes dobrou no mesmo período.
 Esse volume sem precedentes de nutrientes vem provocando o crescimento excessivo de algas, o que pode destruir ecossistemas inteiros. O aumento da atividade humana afetou a diversidade de animais e plantas. No século passado, foram documentadas cerca de 100 extinções, mas os cientistas acreditam que a verdadeira taxa de desaparecimento de plantas e animais é mil vezes maior, com perdas significativas de biodiversidade e diversidade genética.


Meio Ambiente e Edu-comunicadores

Nos próximos dias 13 a 17 de junho a Biblioteca Pública da Bahia (Biblioteca dos Barris, em Salvador), transforma-se no quartel general de Edu-comunicadores de todo o país. Jornalistas, radialistas, profissionais da comunicação ligados ao meio ambiente e Cultura ambiental participam do I Encontro Nacional de Comissões Estaduais Interinstituicional de Educação Ambiental (CIEA`s) e de Educomunicação Ambiental (Rebeca) das 09 às 21 horas. 
O papel da Rebeca estará em discussão com especialistas vindos de toda parte do Brasil. Os temas em pauta, expostos por autoridades ligadas ao Ministério do Meio Ambiente, Câmara dos Deputados, Secretaria do Estado, Ongs, Universidades e instituições da área ambiental, vão desde a Política de Comunicação Ambiental, passando pelo papel das redes nessa área, até a sugestão de ações e políticas que devem nortear a dinâmica dos grupos de trabalho que acontecerão durante o evento.
Entre os objetivos do encontro destacam-se : O Fortalecimento da Comunicação e da Educação Ambiental em suas interfaces, e a Defesa da Democratização da Informação e Saberes, respeitando a lógica das redes populares, comunitárias, científicas, culturais e artísticas; A inserção da questão ambiental nos meios de comunicação, contribuindo no avanço dos conteúdos e práticas de Comunicação Ambiental no âmbito das políticas públicas; Ser mais uma voz na defesa do direito à comunicação e da participação popular na criação e gestão dessa polêmica temática; Divulgar, ampliar e estruturar a Rede, de forma a viabilizar plenamente o cumprimento de seus objetivos; Fazer com que a rede se consolide como canal de diálogo entre governos e sociedade na construção participativa de políticas e programas de comunicação ambiental, na perspectiva educativa; contribuir para o enraizamento da educação ambiental junto a públicos como de jornalistas, radialistas, publicitários e outros profissionais de comunicação, comunicadores amadores e populares, artistas, produtores e gestores culturais, comunicadores que atuam em órgãos públicos e professores, pesquisadores e estudantes em todo o Brasil.
Na área de Cultura por exposições como: Varal de Exposição: ação educativa e cultura de conservação da escola - Organização de Auxílio e lazer o evento tem uma vasta programação que passa Fraterno – OAF; Permacultura no semi-árido - Instituto de Permacultura da Bahia – IPB; história, cultura e meio ambiente do subúrbio ferroviário; acervivo / Amigos do Parque São Bartolomeu -Instalação: mobiliário e utilitários produzidos pelas oficinas de reciclagem e reaproveitamento da Limpur be Exposição Fotográfica: O Homem e o Meio Ambiente - L iliana Peixinho ; Exposição de Esculturas: vazias capturas - Marco Aurélio Damasceno;peça teatral: peixe morre pela bomba ; bazar contemporâneo de Arte & Cia.

Este evento é uma demonstração clara de que uma rede pode funcionar virtualmente, para articular, mobilizar e agir para um encontro entre os participantes, de forma real, num lugar onde tudo o que foi programado pela internet, co baixos custos, pode ser concretizado, num tempo e lugar onde as pessoas escolheram. Sucesso ao evento e que os objetivos realmente sejam cumpridos. Amém.


Especulação Imobiliária x Preservação

É cada dia maior o número de árvores derrubadas, rios desviados ou poluídos, lixo acumulado e nativos desempregados ou explorados pela indústria do turismo baiano. As matérias publicadas da grande imprensa, sob encomenda ou não, dão a verdadeira dimensão deste mercado. As fontes destas matérias estão sempre ligadas com as empresas de turismo do governo ou com o trade turístico formado por empresas que vão desde pequenas agências de turismo no interior a complexos hoteleiros grandiosos e que envolvem grandes somas de dinheiro financiado por empresas internacionais ou nacionais interessadas na expansão deste mercado.

A falta de responsabilidade das empresas imobiliárias vem mobilizando moradores e ambientalistas mais acordados e comprometidos com o futuro. No Litoral Norte de Salvador, por exemplo, na chamada Costa dos Coqueiros, Movimentos como o SOS Capivara, Coqueiro Solidário, Orquídeas, Proposta Universo Converso e AMA – Amigos do Meio Ambiente, vem se articulado para fazer valer o grito de protesto da comunidade contra projetos como o do Condomínio Laguna, em Arembepe, cuja tramitação burocrática para a concessão da licença local dada pelo CRA – Centro de Recursos Ambientais, sem passar pelo Ibama, pela Comissão de Meio Ambiente da OAB, Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, sociedade civil organizada e outros órgãos, indignaram moradores como Edmundo Sales, que, como compositor e cantor da “Banda Nòs” não se cansa de defender a natureza, onde o Rio Capivara, as dunas e o mar, são alguns dos seus maiores focos de defesa. “Moro aqui há mais de 12 anos e nunca ví as águas do rio transbordar tanto como nos últimos cincos anos. Essas enchentes tem sido provocadas, principalmente, pelos aterros feitos em áreas como a Caraúna, onde houve a construção de estacionamentos e outros equipamentos que atingiram o rio”, denuncia o morador.

Uma matéria publicada na editoria de Economia e Negócios, da Revista Veja, de 23 de março de 2005, revela que há uma chuva de investimentos no litoral baiano, onde não pára de ganhar novos complexos turísticos. Segundo o texto “o que impressiona neste momento, é a quantidade de hotéis, pousadas e resorts que pipocam por todas as seis “costas” (Coqueiros, Bahia de Todos os Santos, Cacau, Dendê, Descobrimento e Baleias) em que a Orla Baiana se divide. Muitos em lugares pequenos simples e sem luxo, outros que buscam hóspedes com muito dinheiro, oferecendo em troca campos de golfe de padrão internacional, estrutura para pesca e esportes náuticos, spas bem equipados, bons restaurantes, acomodações confortáveis e serviço de qualidade”. Para o mercado hoteleiro, tudo, para a comunidade o lixo, os problemas, o sub-emprego e a exploração da mão de obra.

Jornalistas como Priscila Maria Gallo, artesãos como Batata, músicos como Edmundo e outros moradores de Arembepe não páram de trabalhar, com arte, através da música, do Teatro Jornal e outras manifestações que mobilizam a população para construir sem destruir. Afinal onde está a política de sustentabilidade para essas empresas que só querem degradar, sem dar as contrapartidas necessárias à preservação das riquezas naturais?

Tolerância x Limites

Antes de começar a exposição do tema deste artigo gostaria pedir desculpas aos nossos leitores pela ausência, nos últimos meses. Acúmulo de tarefas e viagens sucessivas podem justificar essa ausência. Para retomar nossos contatos, estou repassando para os fiéis e novos leitores dessa coluna, trechos de um artigo do Frei Leonardo Boff que recebei esta semana, sobre questões importantes da pauta diária dos meios de comunicação.

Com muito rigor, compromisso, ética, seriedade e um chamado para a análise profunda sobre os nossos comportamentos cotidianos, esse Homem revolucionário, corajoso e com fé nas mudanças para a preservação da vida digna, nos chama para pensar sobre a necessidade de impormos limites à tolerância sobre aspectos da atual realidade como: Exploração do Trabalho Infantil, Prostituição, T ráfico de Órgãos Humanos, Sub-utilização da Mão-de-obra, Lucros Escusos, Uso de Religiões e Projetos Políticos como argumentos para o lucro fácil, Máfias de Drogas, Armas e Seqüestros, que mutilam, matam e causam dor, entre muitos outros “temas” já banalizados pela própria tolerância. Pelo faz de conta que não se vê, não se ouve e não se sente. Por um sentimento perigoso, que se confunde com a cinismo, o comodismo e a falta de compromisso com a construção da igualdade.

No texto do teólogo Leonardo Boof ele diz: “Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas porque ergueram sua voz e tiveram a coragem de dizer: “não te é permitido fazer isto ou aquilo”. Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, sensibilidade ética ou comodismo”.Como ambientalista que tem o Planeta Terra como referência da nossa grande casa Leonardo Boof diz:” Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida humana do Planeta e de destruir grande parte da biosfera. Há que submetê-los a controles severos”.

Como humanista e defensor dos direitos conquistados ao longo de uma história jorrada de sangue, o pensador escreve como quem olha firme para o outro dizendo: “ Não devemos ser tolerantes com aqueles que assassinam inocentes, abusam sexualmente de crianças, traficam órgãos humanos. Cabe aplicar-lhes duramente as leis. Não devemos ser tolerantes com aqueles que escravizam crianças para produzir mais barato e lucrar no mercado mundial. Aplicar contra eles a legislação mundial. Não devemos ser tolerantes com terroristas que em nome de sua religião ou projeto político cometem matanças. Prendê-los e condená-los duramente às barras dos tribunais.
Não devemos ser tolerantes com aqueles que, no afã de lucro, falsificam remédios que levam pessoas à morte ou instauram políticas de corrupção que dilapidam os bens públicos. Cada país impõe duras penas a esses criminosos”.

Como testemunha de fatos ocorridos com pessoas próximas da sua luta, o frei Leonardo Boff escreve, como quem fala ao pé do ouvido, com muita cautela e firmeza na voz: ”Não devemos ser tolerantes com as máfias das armas, das drogas e da prostituição que incluem sequestros, torturas e eliminação física de pessoas. Há punições claras. Não devemos ser tolerantes com práticas que, em nome da cultura, cortam as mãos dos ladrões e submetem mulheres a mutilações genitais. Contra isso valem os direitos humanos. Nestes níveis não há que ser tolerantes, mas positivamente intolerantes, que implica sermos firmes, rigorosos e severos. Isso é virtude e não vício. Se não formos assim, não teremos princípios e seremos cúmplices com o mal.

Como defensor ferrenho da liberdade como porta para a felicidade, o pensador e teólogo de respeito em todo o mundo afirma: “A ilimitada liberdade conduz à tirania do mais forte. Da mesma forma também a ilimitada tolerância acaba com a tolerância. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam da proteção da lei. Senão, assistiremos a ditadura de uma visão de mundo que nega a todas as outras.O resultado é raiva, amargura e vontade de vingança, fermento do terrorismo. Onde estão, então, os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza”.

Finalmente, como Homem de cultura transversal e holística, ele lembra: “A Carta da Terra zela pelos direitos da natureza e quem os violar perde legitimidade”. Por fim, ele questiona?: “Dá para ser tolerantes com os intolerantes? A história comprovou que combater a intolerância com outra intolerância leva à espiral da intolerância. A atitude pragmática busca estabelecer limites. Se a intolerância implicar crime e prejuízo manifesto a outros, vale o rigor da lei e a intolerância deve ser enquadrada. Fora deste constrangimento legal, vale a liberdade. 
E, como Homem dialético e em harmonia como as leis do Universo ele finaliza o texto dando uma demonstração da incansável luta pela defesa da exposição de idéias, dizendo: ”Deve-se confrontar o intolerante com a realidade que todos compartem como espaço vital.. Deve-se levá-lo ao diálogo incansável e fazê-lo pensar sobre as contradições de sua posição. O melhor caminho é a democracia sem fim que se propõe incluir a todos e a respeitar um pacto social comum”.


Alimentos x Segurança de Vida

O Brasil ocupa o 5º lugar no mundo no uso de agrotóxicos. É recordista e líder mundial em reciclagem de embalagens nessa área, exatamente como conseqüência deste uso exacerbado de produtos químicos na agricultura. Esses dados são reveladores de um grande problema ambiental. O Brasil está mais preocupado em incrementar uma agricultura em larga escala com produtos sem qualidade para a saúde, do que, por exemplo, incentivar a produção agrícola familiar com base na qualidade de alimentos que, mais do que simplesmente matar uma fome imediata e ajudar na balança comercial do país, precisa ter segurança e qualidade orgânica nessa alimentação.

Segundo informações de especialistas em Segurança Alimentar o Brasil vem adotando o uso dos agrotóxicos (que surgiu, na Alemanha, como arma química na chamada Revolução Verde dos anos 60) também como forma de prevenção da lavoura e isso tem consequências danosas para o meio ambiente, desde questões como a contaminação do solo, do ar, da água, das plantas ao redor das plantações, até os próprios produtos de colheitas como a soja, o tomate, o algodão, o milho e outras que estão propícias às ações de pragas, insetos, matos e bactérias que circundam as plantações. Para fazer uso desses produtos haveria necessidade de se fazer um estudo sobre o tipo de praga, inseto, erva daninha com a especificidade e características próprias do tipo exato para então se fazer o uso correto, como um remédio curador e não como forma de prevenção. Aqui a prevenção teria que ser em outro nível ambiental onde os projetos de plantações de produtos orgânicos podem emprestar suas experiências.

O fato é que não podemos aceitar que um país como o Brasil, que começa a ter vez lá fora como um promotor do combate à fome, possa estar com práticas de agriculturas tão imediatas e insensatas. Como disse um apresentador de um programa rural: “O Homem não pode morrer de fome, mas será precisa morrer do quê come?”. Meu amigo Luis, lá de Arembepe não abre mão de andar mais e pagar mais caro, infelizmente, por um mamão pequeno e de carne macia e doce, uma goiaba redondinha e também pequena, mas de qualidade, ao ter que enfrentar filas de supermercados para comprar goiabões e mamaozões inchados de produtos químicos que só em vê-los expostos nas prateleiras começa a ter náuseas.

O pior de tudo é que, nos grandes centros urbanos, as frutas, legumes e hortaliças orgânicas acabam sendo mais caras e, lá nas feiras de cidades como Senhor do Bonfim, Igara, Jaguarari e outros lugarzinhos de belos e puros grandes quintais e roças, esses produtos são tão baratos que nem cobrem as despesas dos feirantes saírem de suas casas para expor seus produtos aos fregueses. Que o Mercado, a complicada Economia, os números da Balança Comercial, etc, possam ser mais sábios e comecem, já, a zelar, a incrementar uma Política Agrícola que cuide da saúde da população através da oferta de alimentos que possam ser a verdadeira fonte de vida. Será se a indústria farmacêutica dita curativa permitiria isso?


Liliana Peixinho * – Jornalista Ambiental, Correspondente na Bahia do Jornal Folha do Meio Ambiente, presidente da AMA – Amigos do Meio Ambiente e coordenadora da RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental. Autora da monografia ”O Papel da Mídia na construção do Turismo Sustentável ”.


Cuidados com as nascentes  

A Bahia, o Brasil, são abençoados por Deus e pela água doce. A importância das pequenas nascentes na formação das grandes bacias hidrográficas depende do cuidado de cada um de nós. Esses pequenos veios d’água são como artérias do corpo humano que distribuem o sangue para garantia da vida. Esse sangue, como a água, tem que ser de qualidade. E como podemos garantir isso?. Sabemos que o álcool, o fumo, a gordura e o açúcar em excesso, dentre outras guloseimas, são nocivos ao bom funcionamento do corpo. Para garantir a qualidade do sangue devemos garantir a qualidade do quê, como e quanto comemos.

Para garantir a qualidade da água é necessário que haja consciência sobre os cuidados com o meio ambiente. Não poluir as nascentes com lixo químico, conservar as vegetações das margens, não pescar em época de desova, conservando o ciclo natural desses ecossistemas, é um caminho para garantir a vida vegetal e animal desses ricos ambientes. Quando a gente quebra esse ciclo de cuidados, poluindo, degradando e desmatando, quebramos também, o ciclo da vida. A água fica poluída, o peixe morre, o homem não pesca e se o homem beber dessa água suja, fica doente. Ficando doente, não trabalha, não produz, o governo gasta e a exclusão aumenta.

O Brasil é o paraíso das águas doces da terra. E todo o mundo está de olho nessa nossa riqueza. Rios como o Amazonas e o São Francisco, por exemplo, são matrizes energéticas de sustentação de vida do planeta, porque detêm a concentração de uma múltipla biodiversidade, onde várias espécies estão na lista de extinção. O peixe boi, a ararinha azul,o tucano,o boto, o surubim, a arueira, o jequitibá, a andiroba, a sucupira e um sem número de nomes bonitos e ricos, engrossam a lista das espécies em extinção.

Sabe aquela história de que de gota em gota a gente enche um copo dágua, de nascente em nascente a gente enche os riachos, os rios, as grandes bacias hidrográdicas que servem para gerar energia e alimentar cidades, estados, países. Que nas trilhas do nosso dia-a-dia possamos semopre estar atentos para os mínimos cuidados com cada gota de água desse nosso planeta Terra sedento de água limpa.


Riqueza devastada

A pauta de exportações do agro-negócio brasileiro, seja em grãos, como a soja, ou em carnes, como a do boi e a do frango, sempre foi capitalizada politicamente pelo governo federal, como uma justificativa de ascensão do país, no cenário econômico mundial. Com isso, as conseqüências dessa política desenfreada pelo lucro devastaram a floresta amazônica, o cerrado do oeste e a mata atlântica dos litorais do Brasil. A substituição de ambientes biodiversos por monoculturas, estritamente voltadas para a exportação, não só deixou de prover a fome do brasileiro – restringindo a nossa alimentação ao simbólico feijão com arroz – como diminuiu a riqueza da sua matriz energética, ainda no topo dos mais biodiversos do mundo.

É simples, se o governo Lula, por exemplo, tivesse priorizado a reforma agrária, com a agricultura familiar, programas como o bolsa-família não teria sentido de existir, já que as condições para a construção da dignidade estariam garantidas na base, na origem dos problemas da miséria nacional. O combate à fome não requer medidas paliativas, de engodos mensais. Ele requer seriedade e propostas de ações concretas há longo prazo. 
Por que os ribeirinhos do São Francisco, como os índios Trukás, por exemplo, têm que pagar um preço altíssimo pela irrigação da cultura do arroz, da batata, da mandioca ou da cebola, vender esses produtos a preços irrisórios, e depois dos beneficiamentos industriais, recomprá-los por três ou mais vezes do que fora vendido anteriormente?

A terra brasileira, com suas infinitas riquezas naturais, nunca foi prioridade do governo. Historicamente, foi alvo da exploração de outros países.Foi assim com o pau-brasil, com a cana-de-açúcar, o café, a borracha, o algodão, o leite, com os minérios, o ouro e as pedras preciosas. E agora, a fauna e a flora são a ponta-de-lança da biopirataria mundial. As pesquisas genéticas feitas pela Inglaterra, Estados Unidos, França, e por outras nações, que sempre souberam o valor do conhecimento biológico, para a produção de medicamentos, devem estar sob o controle de instituições, como o Ministério do Meio Ambiente.

Neste contexto, a valorização da cultura indígena, que resiste simbolicamente, em tribos espalhadas pelo Brasil afora, se ressente de uma política compensadora dessa nossa falha antropológica. Que os candidatos a cargos políticos, em campanha eleitoral, possam incluir em suas propostas ao eleitorado, ações que realmente possam ajudar na construção da cidadania sustentável, onde, direitos como um prato de comida colorida; uma casa com água potável; uma escola que prime pela educação multidisciplinar; e um bairro onde se possa ir e vir sem medo, já é um bom começo. Amém!



Liliana Peixinho * - Jornalista, correspondente da Folha do Meio Ambiente; coordenadora da AMA – Amigos do Meio Ambiente (www.amigodomeioambiente.com.br) – articulista de jornais e sites como o Jornal do Meio Ambiente; moderadora da REBIA-NE – Rede Brasileira de Informação Ambiental.


Bola Verde

A sede da Copa do Mundo é, também, a sede do movimento ambiental. Quando observamos o cuidado com o verde dos gramados dos estádios alemães e toda a infra-estrutura pensada e concretizada para não impactar, muito, o meio ambiente, a exemplo de ações preventivas com relação ao lixo gerado pelo evento, onde tem visitantes civilizados e nem tanto, imaginamos, também, que a Alemanha tem todo esse cuidado com o meio ambiente porque não tem mais as riquezas naturais de antes. A indústria, de ponta, já se encarregou, principalmente nos pós-guerras, de transformar a grande matriz energética Natureza, em ferro, cimento, vidro, plástico e insumos para a base de consumo. Por isso, hoje, corre atrás do prejuízo, para tentar garantir o mínimo quem restou.

Da janela do avião, na saída do aeroporto de Frankfurt, lembro de imagens que constatam a aridez do solo, com muito ferro, cimento, vidro e madeira. Ao chegar ao Brasil, da mesma janela do avião, o cenário mudou, mesmo em São Paulo, grande metrópole como Frankfurt, observamos o contraste entre o que é o Brasil e o que é um país como a Alemanha, por exemplo, onde na questão do verde, a diferença é enorme, gigantesca. E faz-nos refletir que o Paraíso ainda pode ter sua bola verde rolando em campos de gramas naturais, improvisados nas margens das estradas, ladeadas de florestas, onde o verde é abundante, denso e forte como o Brasil.

Que a bola verde possa rolar nos gramados da grande bola Terra como uma necessidade de se reproduzir outra cultura tão lindas, massiva e poderosa como é a cultura do futebol, da bola rolando de pé em pé, com o objetivo de marcar o gol. Que possamos ter um nosso gol homens de boa fé, consciência e responsabilidade para agarrar a fúria de pés que chutam para o alto, a valorização da natureza, a preservação dos ecossistemas, a dignidade da vida humana, o respeito às diferenças entre muitos outros valores sagrados. Vamos fazer muitos gols rumo à sustentabilidade cidadã, democrática, participativa, igualitária. Vamos formar vários times que treinem, pratiquem e multiplique exemplos de cidadania, de cuidado, de valorização do sagrado, da verdadeira riqueza de qualquer nação é a Natureza, dos Homens e do ambiente.



* Liliana Peixinho - Correspondente na Bahia do Jornal Folha do Meio Ambiente, articulista do Jornal do Meio Ambiente, coordenadora da AMA – Amigos do Meio Ambiente e da RAMA – Rede de Articulação e Mobilização Ambiental,Moderadora do Grupo REBIA – Nordeste.

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