Tuesday, September 23, 2014

Uma vida pela vida até Política e água - Cuidado - Artigos recuperados



Uma vida pela vida

O ato de dom Frei Luiz Flávio Cappio, em greve de fome iniciada esta semana até a morte ou até que o presidente tome uma atitude racional em nome do Rio São Francisco, é de extrema coragem e de doação de sua própria vida em nome de futuras vidas que dependem de águas puras do cansado Velho Chico. È também uma atitude que reflete, diante da insensibilidade e irracionalidade do governo Lula, a necessidade de comportamentos radicais, extremos, para deixar envergonhado um governo que não parece se preocupar com o maior e grande bem da humanidade, á água.

Quando assessorei o deputado Edson Duarte como deputado estadual baiano fizemos várias ações em favor da reversão de uma então possível proposta de reforço à infeliz e criminosa idéia de Transposição do Rio São Francisco, que conheço de perto desde os meus primeiros meses de vida, na minha cidade natal, Barreiras. Os setores progressistas da Igreja foram mobilizados e articulados, em 2001 num grande encontro de jornalistas para reforçar a defesa da proposta de “Transposição não, Revitalização sim, urgente”.

Veio representação de todos os lugares do Brasil para a o Seminário, então denominado: “Vida para o Rio, vida para o Povo”, realizado nas dependências da Igreja Católica, na Praça da Sé, numa proposta ecumênica, de grande mobilização em favor do Rio. Vieram índios de diversos municípios banhados pelo Velho Chico, vieram representantes de Dioceses de diversos estados do Brasil, ribeirinhos das mais longínquas cidades da Bahia, Pernambuco e Sergipe. Compareceram jornalistas engajados e comprometidos com o ideal da revitalização já do Velho Chico e gente especialista no valor da água como bem essencial para a garantia da vida.

O ato de Dom Luiz Flávio Cappio bem que poderia ser evitado e o governo Lula se resguardaria de mais um constrangimento público. Lamentamos, mas apoiamos e iremos ficar com dom Luiz em todos os instantes de sua dor e sofrimento, iremos divulgar em todas as mídias, espalhar por todos os cantos e acompanhar a reação do governo, segundo a segundo porque conforme narra o próprio dom Luiz, há mais do que justificamos históricas para isso.

Transcrevemos a seguir a declaração que acompanha a carta de Dom Luiz enviada ao presidente Lula. “Uma vida pela vida ” - Em nome de Jesus Ressuscitado, que vence a morte pela vida plena, faço saber a todos: 1. De livre e espontânea vontade assumo o propósito de entregar minha vida pela vida do Rio São Francisco e de seu povo contra o Projeto de Transposição, a favor do Projeto de Revitalização. 2. Permanecerei em "greve de fome", até a morte, caso não haja uma reversão da decisão do Projeto de Transposição. 3. A "greve de fome" só será suspensa mediante documento assinado pelo Exmo. Sr. Presidente da República revogando e arquivando o Projeto de Transposição 4. Caso o documento de revogação, devidamente assinado pelo Exmo. Sr. Presidente, chegue quando já não for senhor dos meus atos e decisões, peço, por caridade, que me prestem socorro, pois não desejo morrer. 5. Caso venha a falecer, gostaria que meus restos mortais descansassem junto ao Bom Jesus dos Navegantes, meu eterno irmão e amigo, a quem, com muito amor, doei toda a minha vida, em Barra, minha querida diocese. 6. Peço, encarecidamente, que haja um profundo respeito por essa decisão e que ela seja observada até o fim."Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM.


A consciência de cada um

Até onde, como e quando as pessoas estão realmente preocupadas com a preservação do Planeta Terra? Será de que maneira cada um está consciente de que cada ato que pode favorecer ou prejudicar a preservação dos nossos recursos naturais. Em que nível de informação as pessoas estão para saber que uma ponta de cigarro a mais ou menos é super importante nesse processo de condução para a preservação da Vida nos ambientes? Qual pode ser o grau de satisfação, insatisfação de cada pessoa ao praticar um ato ambiental correto ou degradador? Até quando ainda irá prevalecer aquela idéia de que: ah todo mundo joga, eu também vou jogar uma ponta de cigarro aqui, uma garrafa de pet, ali, ou uma latinha acolá? 
Será muito tarde quando as pessoas começarem a pensar que: “ele jogou, mas eu não jogarei, eu não poluirei, eu não degradarei, não importa se a minha contribuição é pouca, mas a minha parte nessa sujeira eu não deixarei? Ah de chegar o dia em que alguém todos dirão: Eu estarei tranqüilo de que um dia um tal plástico jogado no mar, engolido por um golfinho qualquer, em qualquer lugar dos mares, não terá a minha contribuição pela sua morte. Sabendo que essa tranqüilidade é tão benéfica para si, interna e pessoalmente, como o é para o externo, o ambiente de fora, que nos abastece e que nos favorece a vida. Assim como um mais um são dois, um menos um é zero. Quanta diferença isso faz? Comece jogando uma ponta de cigarro, mais outra, e, depois, tirando uma, e depois a outra. Um monte, cresce, e o outro, desaparece. Essa é uma grande diferença.

Nesse raciocínio consciente imaginemos alguém assim: Eu não vou precisar fazer tal ato na frente das pessoas para me sentir bem, eu vou fazê-lo sempre, com as pessoas presenciando ou em suas ausências porque o que importa é o meu ato, individual para a construção do coletivo. Se eu puder multiplicar o meu ato é claro que procurarei fazê-lo sempre, ao máximo, para do bom exemplo colhermos bons frutos na construção de um futuro limpo. Semana passada conheci uma pessoa que jogava ponta de cigarro pela janela do carro ou mesmo nas ruas. 
Fui impelida a lhe dizer de forma delicada, que no meu carro nada se joga pela janela do carro. Sempre tive problemas como ao dirigir, apagar o cigarro. Esta pessoa absorveu a idéia com tanta seriedade que imediatamente descobriu um jeito simples de apagar o cigarro, jogando a brasinha fora e guardando a bituca na lixeira, sem correr risco de pegar fogo em nada dentro do carro. O engraçado é que enquanto dirigia esse filho de Deus fazia questão de dar a ponta de cigarro, pagada, para o carona, jogar no lixo numa demonstração clara de que havia não só aprendido a lição e ficado feliz com isso, mas agregado valores a ele, como a nova forma de pagar o cigarro sem riscos.

A Carta da Terra tem o seguinte começo: "Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Para chegar a esse propósito, é imperativo que, nós os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações". Uma amiga me falou que na casa dela as crianças estão fazendo xixi e chamando o outro para aproveitar o embalo e dar uma descarga só. 
Exageros à parte, o interessante é o despertar da consciência para a questão do desperdício criando uma nova cultura de racionalização no consumo de um recurso como á água, precioso e limitado. As crianças estão aprendendo muito rápido a importância da coleta seletiva do lixo, da reciclagem criativa como geração de renda, auto-estima e da cidadania. Se perguntarmos a ela porque tudo isso elas falarão rapidinho que o Planeta Terra está doente e que precisamos cuidar dele, com muito zelo, o tempo todo. Amém.


Turismo e Comunidade

As relações entre empreendedores turísticos e a comunidade tem se mostrado conflituosa na defesa de interesses diversos. Por um lado o patrão quer qualidade nos serviços hoteleiros nas mais diversas áreas, desde a camareira e o chefe de cozinha, ao prestador de serviços como fornecimento de água, gás e comida. Por outro lado, o empregado quer respeito, bons salários e liberdade para o processo de produção. Aqui ali estas condições não são atendidas. Quando extrapolam os limites os trabalhadores ficam desempregados e os patrões sem condições de incrementar os serviços por falta de mão de obra qualificada. O que fazer diante do emperramento das relações?

O Governo vem divulgando uma série de programas e projetos na área de capacitação turística, sem ainda ter o alcance necessário ao efeito multiplicador dos ditos “modelo de gestão”. Toda riqueza natural do Brasil parece sucumbir-se às fragilidades de um mercado onde a filosofia do lucro fácil, rápido e inescrupuloso resiste às tentativas de construção de parcerias sociais comunitárias rumo ao equilíbrio, harmonia e comunhão de idéias, atitudes e gestos em prol de uma cidadania ativa e prazerosa. O encanto natural dos nossos roteiros turísticos não pode ser quebrado com elementos adversos à proposta de construção de um olhar holístico, integrado, multicultural. A preservação da natureza humana, pura e indelével do nativo é uma riqueza que não pode ser comprada com euros e dólares.

Há diversas publicações em circulação promovendo empreendimentos turísticos como sustentáveis, integradas a comunidade, que merecem mais atenção dos ambientalistas e preservadores da cultura. Um deles diz o seguinte: “A reserva representa um salto de qualidade para a localidade, tanto do ponto de vista social quanto econômico, consolidando a região como destino turístico de padrão internacional. Para proporcionar mais cidadania e consciência social para a região, a estimativa é de utilização de mão de obra local, geração de novas oportunidades de negócios para os empreendedores locais, com impacto positivo nas suas diversas atividades”. 
Se esses empreendedores, anunciantes como o do texto acima, não perceberem a importância de acolher e envolver a comunidade em seus projetos, de forma participativa, transparente e respeitosa, a tão polemica e conturbada relação entre “gringos” e nativos, podem levar nossas riquezas naturais para um mar de lamas onde golfinhos, tartaruguinhas, baleias, micos-leão dourados, ararinhas azuis e sustentabilidade, serão apenas nomes, sem espaço para a construção de uma nova Historia.


Turismo Insustentável

Proteção das comunidades tradicionais, preservação da Mata Atlântica, rios, florestas, diminuição da presença do homem na paisagem, programas contínuos de educação ambiental, dentre outras políticas preventivas, não parecem estar listadas como prioridades para os analistas das licenças ambientais concedidas por órgãos como CRA, IBAMA e outros que compõem os chamados Conselhos ou Comissões de Poder para deliberar e tornar de uso capital, paraísos que ainda temos no Litoral Norte da Bahia e em outros lugares, Brasil afora.

Os artifícios técnicos que os lobistas da área do turismo têm usado para maquiar relatórios, projetos e documentos que fazem parte do trâmite burocrático para a concessão de uso de áreas com potencial biodiverso necessário ao equilíbrio do planeta, são tão poderosos quanto os investimentos feitos pelo próprio Governo para preparar a infra que os empresários querem e exigem como contrapartidas políticas eleitoreiras.

Em Arembepe, por exemplo, a comunidade está atenta , se articulou com várias ONGs e formou o Movimento pela Preservação da Vida e da Cidadania, fez protestos, participou de audiências públicas, reuniões, mesas redondas, debates, denúncias na imprensa e diversos outros instrumentos legítimos de mobilização, mas não conseguiu impedir a construção do mega empreendimento imobiliário,” Paradiso Laguna” , situado numa área de 96 hectares, ao lado de uma placa que identifica a área como de proteção ambiental “ APA – Rio Capivara”. O artifício usado para driblar as normas legitimadas pela Lei foi o rezoneamento da área, antes classificada como “ Zona de Proteção Visual” para “Zona de Turismo Residencial”. Com esse artifício o CRA concedeu a licença achando que a população não percebe os impactos que serão gerados entre uma classificação e outra.

Em matéria da jornalista Katherine Funke, publicada dia nove de agosto, no Jornal A Tarde, Caderno Especial Vida e Ambiente, há informações sobre a preocupação do Projeto Tamar/Ibama, em relação ao mega projetos para o Litoral Norte, somente com relação à proteção das tartarugas, nas praias, como se esse ambiente, o das tartaruguinhas, estivesse desassociado dos outros, como os rios, o lixo que se joga, o volume de visitantes sem consciência ambiental e principalmente as populações tradicionais. 
Na Base do Projeto Tamar, em Arembepe, uma das mais antigas do Projeto, o portão que dá acesso para a Vila Aldeia Hippie está fechado, sem nenhuma justificativa procedente, impedido que visitantes que durante anos e anos utilizaram este acesso para conhecer a história de Arembepe, fiquem, agora, impedidos de entrar por ali. Representantes da Associação de Moradores estão protestando pela diminuição dos visitantes à Vila. Faixas, cartazes, debates, articulação com Ongs e com a imprensa estão na pauta dos moradores para a urgente a reabertura do acesso.


A Natureza Humana e o Meio Ambiente

As condições adversas, desiguais e injustas entre sociedades, onde poucos têm muito e muitos têm muito pouco ou quase nada, tem causado uma grande e transparente agonia na existência do ser humano.

A complexidade do comportamento humano para garantir o utópico, desejado e necessário equilíbrio nas relações sociais tem desafiado Homens bem intencionados e de fé na descoberta de caminhos que possam clarear a escuridão de mentes perversas, egoístas, mesquinhas, psicopatas, perigosas e impeditivas da construção da alegria, serenidade, sapiência, paciência, tolerância e respeito ao outro.

Sabendo que esse quadro insustentável incomoda, indigna impede intera e ate nos impele a mudanças porque ainda não temos a disciplina, coragem, determinação, objetividade e espírito coletivo rumo à uma cidadania sustentável, equilibrada, civilizada, prazerosa, solidária e digna da condição divina com filhos de Deus, que somos na origem?

Mentira, poder, ódio, preguiça, gula, ganância, lucro fácil, òsio, vida boa, e um sem numero de expressões correlatas à política capitalista,m consumidora e sem sentido pleno de existência, alimentam essa cadeia perversa. Educação, conhecimento, socialização do saber e o amor são instrumentos poderosos para o desenvolvimento para a cultura de paz.

As recentes catástrofes como tsunanys, tufões, furacoes, tornados, incêndios florestais e enchentes, aliados a barbari e a banalização da violência e da falta de ética são um alerta para a urgente e necessária arrumação da nossa grande casa o planeta terra.



Política e Água – Cuidado!

Dona Maria, lá da comunidade quilombola de Tijuaçu, de tanto andar com a lata dágua na cabeça aprendeu, no caminho dessa labuta, a sambar na roda. O samba de Lata de Tijuaçu tem suas origens nessa via crucis diária à procura de água, muito longe de casa. Lá na Unesco de Paris, no ano de 2002, quando recebeu o Dossiê sobre o Rio São Francisco, o então embaixador, José Israel Vargas, me disse, na oportunidade, falando sobre o valor social da água, com projeções de que o precioso e vital líquido ficará mais cara do que o petróleo. “Só não pode ficar mais caro do que cerveja” E já está, em alguns lugares. Lembram que antes acordávamos com o “Olhe o gás”. E hoje, além do gás, temos outras vozes gritando “Olha a água aí, promoção de R$ 3,00 ”.

Vemos, a todos os instantes, pessoas que ainda andam muito distantes da necessidade de se ver a água como um bem escasso, precioso, limitado e que requer muitos cuidados para a garantia da vida. Essa semana o governador Paulo Souto abriu as torneiras para algumas cidades na região de Juazeiro e festejou os gastos do governo para um direito que já deveria estar garantido, há séculos, sem que muita gente tivesse morrido de sede, ou de doenças provocadas pela contaminação ou mesmo falta de tratamento adequado da água como condição primária para a sobrevivência digna da população.

O Programa Sem Fronteiras recentemente fez uma matéria especial alertando sobre os perigos que rondam o Planeta Terra, sobre a ação perversa do Homem, diante de estragos ambientalmente irrecuperáveis ao longo da história. As crianças têm mostrado sensibilidade para adotar comportamentos diferentes em relação ao descaso, ao descuido dos Homens com água, que ainda lavam carro com água tratada, escovam os dentes com as torneiras abertas, se ensaboam no banheiro com o chuveiro jorrando, quanto cantarolam besteiras. 
Meu amigo Wellington Ribeiro, jornalista sensível às causas ambientais, me diz que não é à toa que os Estados Unidos Unidos estão montando uma base militar no Paraguai, nas proximidades de uma das maiores reservas de água do sul da América do Sul, o Aquífero Guarany, deixando as Forças Armadas do Brasil, Argentina,Uruguai e demais países da região, em situação politicamente desconfortável. Isso são sinais que a água, como o petróleo hoje, será motivo de muita briga, para a garantia da vida, numa disputa que já presenciamos hoje em lugares como África, Índia e Nordeste do Brasil.


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